Levei meu filho pela primeira vez para ver um jogo no estádio e ele dormiu
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Lucas Mota é repórter de Esportes de O POVO. Estudou jornalismo na Universidade 7 de Setembro e na Universidad de Málaga (UMA). Ganhou o Prêmio CDL de Comunicação na categoria Webjornalismo e o Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Jornalismo Impresso, e ficou em 2º lugar no Prêmio Nacional de Jornalismo Rui Bianchi
Foto: Ronaldo Oliveira / Floresta EC
Ricardinho, do Floresta, atuou contra o Ypiranga-RS pela Série C do Campeonato Brasileiro
Eis que surge o convite: "Vamos assistir ao jogo do Floresta no PV? Leva o Bento". Fernando Graziani, editor-chefe de Esportes, é o interlocutor. Adiciona ainda a informação de que vai levar sua filha.
O mesmo convite é feito a Marcos Sampaio, editor-adjunto do Vida&Arte, que confirma presença e avisa que vai levar o sobrinho.
Pronto. Estou dentro demais. Dei meu sim e me programei para o grande evento. O jogo em questão era o embate entre o Floresta, que está brigando contra o rebaixamento na Série C, e o Ypiranga-RS, time do meio da tabela. O duelo tinha um contexto de drama para o escrete da Vila Manoel Sátiro, que precisava da vitória para se manter fora do Z-4.
Pensei: "É o jogo perfeito para levar o Bento". O estádio não estaria cheio, não haveria tumulto, nem agitação para chegar e sair do PV, diferentemente de partidas envolvendo Ceará e Fortaleza no Castelão.
Seria a primeira experiência para ele sentir o clima de um estádio de futebol. Bento já havia visitado o Castelão pela escola, em um dia sem jogo. Me contou animado.
Chegou o dia. Mais cedo, comentei com Bento que iríamos ver uma partida de futebol no PV, um novo estádio para ele conhecer. Disse ainda que haveria outras crianças para ele brincar.
Ao longo do dia, eu perguntei para ele algumas vezes para onde iríamos mais tarde. A resposta dele: "Vamos ver um jogo da Copa do Mundo". Não confirmei, nem desmenti. Apenas dei risada. É bom deixar no imaginário. Até eu explicar o contexto da partida da Série C do Campeonato Brasileiro, o evento em si poderia perder a magia.
Preparo a mochila de Bento. Uma garrafa de água, uma bola pequena, fones sem fio e dois bonecos. Arrumo Bento, peço para ele calçar a chinela. Quando estamos no hall do apartamento, esperando o elevador, vejo que ele calçou com os pés trocados. Ajusto, e nós descemos para seguirmos viagem de Uber.
No caminho, Bento já pede para ouvirmos a música predileta dele no fone sem fio. "Aquela, papai, que a gente não ouviu mais de um milhão de vezes". Dou play no sucesso do Tears For Fears, Everybody Wants To Rule The World.
No caminho já vejo Bento começar a piscar. É um mau sinal. A "bateria" dele está acabando. Quando chegamos ao PV, meu filho estava dormindo. E eu sabia que nada mais o faria acordar. O relógio marcava 20 horas. A partida estava iniciando.
Entro no estádio, passo pela revista dos policiais e subo para as arquibancadas. Tudo com Bento dormindo nos braços. Graziani e Marcos, com as crianças, ainda não haviam chegado. Olho para o jogo, ouço os gritos dos torcedores presentes, tento acordar Bento. Nada adiantou.
Dou meia volta e faço o caminho de retirada. Peço novamente o Uber, agora com destino para casa. Coloco Bento na cama. E durmo em seguida. Partida de futebol, deixa pra próxima.
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