Marília Lovatel cursou Letras na Universidade Estadual do Ceará e é mestre em Literatura pela Universidade Federal do Ceará. É escritora, redatora publicitária e professora. É cronista em O Povo Mais (OP+), mantendo uma coluna publicada aos domingos. Membro da Academia Fortalezense de Letras, integrou duas vezes o Catálogo de Bolonha e o PNLD Literário. Foi finalista do Prêmio Jabuti 2017 e do Prêmio da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil – AEILIJ 2024. Venceu a 20ª Edição do Prêmio Nacional Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil - 2024.
Enquanto me preparo para desenvolver tão prazerosa atividade, sigo em companhia das crônicas de meus conterrâneos cearenses, Simone Pessoa e Raymundo Netto, além da naturalizada brasileira Clarice Lispector e do mineiro Carlos Drummond de Andrade
Tenho lido, rido e me emocionado com as crônicas de “A arte de querer bem”, de Ruy Castro. Lançada em 2018, é uma coletânea de textos breves e marcantes, que adquiri em função do planejamento para o curso “Crônicas da minha vida”, a ser ministrado por mim durante os meses de março, abril e maio, no Projeto VIVA, do Centro Universitário Farias Brito. A proposta consiste na produção das autobiografias dos alunos, contadas não por capítulos, mas por crônicas.
Enquanto me preparo para desenvolver tão prazerosa atividade, sigo em companhia das crônicas de meus conterrâneos cearenses, Simone Pessoa e Raymundo Netto, além da naturalizada brasileira Clarice Lispector e do mineiro Carlos Drummond de Andrade. É verdade que, para a ocasião, deixei de fora grandes nomes no gênero, como Rachel de Queiroz, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Cecília Meireles, Fernando Sabino, Luis Fernando Verissimo, Carlos Heitor Cony e outros monstros sagrados.
A razão é somente o meu interesse específico pelas crônicas absurdas de Netto, as metacrônicas de Simone, as poéticas de Drummond, as viradas do avesso por Clarice e as de Ruy, conforme mencionei antes.
No momento, leio a obra do jornalista, biógrafo, romancista e — para a minha/nossa sorte — sensível cronista. Aprecio a arte dele ao querer (e escrever) bem. Encontro-me em viagem pela história do Brasil, degustando desde as situações pitorescas às mais corriqueiras, todas tratadas com humor, afeto, maestria.
A leitura traz ainda a possibilidade de compartilhar o conteúdo das páginas com mamãe. Aos 92, ela foi contemporânea de diversos fatos, tomados por Ruy como assunto. Avivo as suas recordações com os meus comentários sobre o livro, coisa oportuna para uma memória impressionante, considerada tanta idade, mas que, naturalmente, vai perdendo a nitidez das cores com o desgaste dos anos. Cuido para não estragar a experiência futura com spoilers, pois pretende ler também.
Apesar da nossa oferta de uma ajuda profissional, decidiu ela mesma se dedicar à restauração das telas da memória, pintando com tinta nova seus retoques. Faz palavras cruzadas, escreve listas de coisas a comprar ou a realizar, organiza os remédios, pagamentos, conversa com interlocutores de diferentes gerações. Respeitamos a sua autonomia. Ela escolhe os métodos e se sente feliz. Resta-me apoiá-la, abraçá-la, exercitar a arte de querer bem na literatura e na vida.
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