Marília Lovatel cursou Letras na Universidade Estadual do Ceará e é mestre em Literatura pela Universidade Federal do Ceará. É escritora, redatora publicitária e professora. É cronista em O Povo Mais (OP+), mantendo uma coluna publicada aos domingos. Membro da Academia Fortalezense de Letras, integrou duas vezes o Catálogo de Bolonha e o PNLD Literário. Foi finalista do Prêmio Jabuti 2017 e do Prêmio da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil – AEILIJ 2024. Venceu a 20ª Edição do Prêmio Nacional Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil - 2024.
A barreira de concreto — erguida em 1961 e derrubada em 1989 — dividiu a cidade, foi herança e prova do que o homem faz quando perde as suas referências civilizatórias: constrói muros. É assim em todos os lugares e tempos. Na América de Trump, na São Paulo de Nunes
Em 27 de janeiro, a libertação do campo de Auschwitz completou 80 anos. Chegar à Alemanha poucos dias depois dessa data deu um significado maior à caminhada pelas ruas de Osnabrück, onde minha filha está estudando. Um contratempo, narrado em crônica anterior a esta, nos impediu de ir a Berlim e visitar o muro — o que dele restou.
A barreira de concreto — erguida em 1961 e derrubada em 1989 — dividiu a cidade, foi herança e prova do que o homem faz quando perde as suas referências civilizatórias: constrói muros. É assim em todos os lugares e tempos. Na América de Trump, na São Paulo de Nunes.
Decorridas oito décadas, a memória coletiva precisa recordar o significado do gesto de Elon Musk e a sua conexão com o horror que encontraram os soldados aliados atrás dos muros ao cruzar o portão de entrada debaixo da inscrição “O trabalho liberta”. Do total de cerca de 6 milhões de judeus mortos na Segunda Grande Guerra (1939 – 1945), os nazistas exterminaram ali 1,1 milhão.
"Depois de Auschwitz, a condição humana não foi mais a mesma. Depois de Auschwitz, nada será igual", afirmou o escritor e sobrevivente dos campos de concentração Elie Wiesel. As frases norteiam o seu discurso por ocasião do 50º aniversário da chegada das tropas soviéticas a um dos piores símbolos dos crimes cometidos contra a humanidade. Marcela quer ir. Eu lhe disse lamentar não ter estômago. Embora lamente ainda mais os que não têm coração e desprezam os relatos de Anne Frank e do Primo Levi.
Em Osnabrück e por todo o país, os memoriais são marcas visíveis. Elas não foram apagadas para que as gerações presentes e as vindouras saibam o que ocorreu e se mantenham alertas contra o mal. 80 anos parecem muito e também foi ontem. Tanto assim que, na sexta-feira, 14/2, Marcelinha e seus colegas receberam pelo celular o aviso: “Please check on this map if your house is being evacuated, so you don’t go there after class". Isso porque acharam uma bomba restante do referido conflito mundial a ser desativada pelos bombeiros locais.
É preciso manter a vigilância para que outros artefatos bélicos não explodam no colo da sociedade atual. No mundo pós-holocausto, a defesa da supremacia racial, a perseguição religiosa, as manifestações de intolerância, a violência e o desrespeito à vida deveriam ser tristes lembranças jamais renovadas.
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