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Lula na ONU
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É mestre em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutorado em Direito pela Johann Wolfgang Goethe-Universität Frankfurt am Main. Atualmente é professor da Universidade de Fortaleza (Unifor) e Procurador do Município de Fortaleza

Lula na ONU

.A mensagem de Lula foi clara: não há pacificação sem justiça; não há conciliação fora da Constituição. Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral e exigem redução das desigualdades e garantia de direitos
Presidente Lula participa da Assembleia Geral da ONU (Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP)
Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP Presidente Lula participa da Assembleia Geral da ONU

O discurso do presidente Lula na abertura da Assembleia Geral da ONU em 2025 reafirmou a tradição do Brasil de utilizar aquele espaço para defender causas universais. Lula foi direto ao denunciar a erosão do multilateralismo, criticando sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos e a prevalência da "política do poder".

Para o presidente, a ONU vive uma encruzilhada: ou se fortalece como fórum legítimo de concertação entre os povos, ou corre o risco de se tornar irrelevante diante das intervenções arbitrárias e atentados à soberania.

Com a reafirmação da democracia como valor inegociável, Lula lembrou que, pela primeira vez na história do Brasil, um ex-presidente foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito, em referência ao julgamento de Bolsonaro pelo STF.

A mensagem foi clara: não há pacificação sem justiça; não há conciliação fora da Constituição. Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral e exigem redução das desigualdades e garantia de direitos.

Nesse contexto, destacou a saída do Brasil do Mapa da Fome, sublinhando que pobreza e desigualdade corroem a democracia tanto quanto o extremismo.

Defendeu a igualdade de gênero, condenou a xenofobia e rejeitou culpar migrantes pelas crises globais. Mencionou ainda a legislação brasileira sobre "big techs", exemplo de como proteger crianças e adolescentes no ambiente digital sem renunciar à inovação.

Firme, Lula classificou como genocídio a ofensiva israelense em Gaza e defendeu o reconhecimento internacional da Palestina como Estado soberano. Também se posicionou pela paz na América Latina, pedindo diálogo na Venezuela, apoio ao Haiti e o fim da inclusão de Cuba como país que patrocina o terrorismo.

Por fim, chamou atenção para a crise climática, propondo um conselho internacional para monitorar compromissos ambientais e alertando que a COP30, em Belém, deve ser a "COP da verdade". Assim, o Brasil projetou-se como voz da democracia, da soberania, do multilateralismo e do universalismo, reafirmando que a cooperação internacional é o único caminho para a paz e o futuro comum da humanidade.

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