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Acquário: R$ 130 milhões já enterrados é muito dinheiro para ser esquecido
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Jornalista, colunista de Economia da rádio O POVO/CBN; Coordenador de Projetos Especiais do Grupo O POVO DE COMUNICAÇÃO; Co-Autor do livro '50 Anos de Desenvolvimento Industrial do Ceará' e autor dos 'Diálogos Empresariais', dois livros reunindo depoimentos de líderes empreendedores do Estado do Ceará

Acquário: R$ 130 milhões já enterrados é muito dinheiro para ser esquecido

A estrutura, localizada em um terreno privilegiado à beira-mar, além de um grande imóvel de frente para a rua dos Tabajaras, totalizando em torno de quatro hectares, tem um imenso potencial turístico, cultural e educativo para Fortaleza
Tipo Notícia
Obras de construção do Acquario Ceará, na Praia de Iracema, estão paralisadas desde 2015 (Foto: Mateus Dantas em 20/6/2016)
Foto: Mateus Dantas em 20/6/2016 Obras de construção do Acquario Ceará, na Praia de Iracema, estão paralisadas desde 2015

Camilo Santana deixa em abril o Governo do Ceará com muitos créditos e algumas dívidas. Muitas delas herdadas, reconheça-se.

Dentre os muitos créditos, elejo o maior deles: a corajosa preservação do Parque do Cocó, no seu primeiro mandato, com sua carta de alforria. Intocável em seus 1.581 hectares e amado pela Cidade.

Antes, três governadores e prefeitos preferiram não peitar os grupos de interesses dispostos a "morder" o parque pelas beiradas.

A cidade tem carecido de gestores educados para a cultura de preservação da natureza da cidade: seus riachos, seus parques, as praias e lagoas. E, convenhamos, a ausência de cidadania coletiva por falta de campanhas educativas.

A cultura urbana de Fortaleza não compreendeu ainda que "a função de uma cidade vai muito além da sua arquitetura" - lembrava Jaime Lerner, que revolucionou o transporte coletivo e os espaços públicos de Curitiba.

Camilo Santana permitiu que, no passivo do seu trabalho no Abolição, deixasse entregue ao abandono o projeto do Acquário da Praia de Iracema. Uma fugaz tentativa de solução da obra com o setor privado não foi adiante em seu primeiro mandato. Talvez por ausência de um diálogo inovador na proposta.

O Acquário vai além do aquário

Enxergar o extraordinário projeto arquitetônico do Acquário como uma atração para ver peixes nadando, como foi explicado para a sociedade, não convenceu nem convence ao mais eunuco cidadão.

A estrutura, localizada em um terreno privilegiado à beira-mar, além de um grande imóvel de frente para a rua dos Tabajaras, totalizando em torno de quatro hectares, tem um imenso potencial turístico, cultural e educativo para Fortaleza, no mesmo conceito do Museu do Amanhã ou de modernos Hotéis seis estrelas.

Qualquer coisa que atraia a iniciativa privada para uma parceria, que além da função primária do projeto possa se abrir a estudos marinhos e ambientais, capacitação para esportes náuticos, portanto, uma nau valiosa para uma cidade vazia em transmissão de cultura e conhecimento para sua juventude.

Não fosse a Covid...

O Acquário do Ceará não é uma unanimidade como investimento público para uma boa parcela formadora de opinião da Cidade. Como disse, ele foi mal defendido, infectado pelo Ministério Público e pouco incentivado para parcerias com o setor privado.

Numa discreta avaliação comparativa, o Acquário não é investimento alto considerando o seu potencial de autofinanciamento.

Em 2021 Camilo cravou: "já foram gastos R$130 milhões nas fundações e deixei de concluir por conta da Covid-19."

Razoável pretexto. Maior ainda se somarmos os impactos da inflação e da perda de renda dos cearenses, que afetaram as receitas tributárias. Fica como missão para o próximo governador, certamente. Enxergando uma grande oportunidade no "copo meio cheio".

Foto do Nazareno Albuquerque

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