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Ceará investe em governança para melhorar resultados
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Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.

Ceará investe em governança para melhorar resultados

A Secretaria do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho está à frente da estruturação de um novo ambiente de negócios, a partir do redesenho de gestão e atividades
Tipo Opinião
Maia Júnior, secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Foto: Fábio Lima)
Foto: Fábio Lima Maia Júnior, secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho

Uma nova economia do Ceará é desenhada pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho. Há um esforço para a superação da crise através de um redesenho de gestão e de atividades com potencial de geração de emprego.

Em entrevista à coluna, o secretário Francisco Maia Júnior falou da estruturação de um novo ambiente de negócios. Foram identificados 11 clusters e uma nova lógica de comércio para a atração de gigantes do varejo; o grande objetivo agora é fortalecer a infraestrutura.

Por essa razão, está sendo projetada a criação de um Centro de Pesquisa em Hidrogênio Verde, em parceria com a Universidade Federal do Ceará e a Fiec. A proposta é de desenvolvimento de projetos e de formação de pessoas para a criação de uma plataforma de empresas nesse segmento, que começa a ganhar formatação.

Nessa área de infraestrutura, entrarão também a área financeira, com parcerias com Banco do Nordeste e BNDES, e a modernização do Fundo de Desenvolvimento da Indústria (FDI). A secretaria levou dois anos para formatar seu planejamento, um ano para lançar os projetos e agora se prepara para a colheita dos resultados.

Até o final do mês, a Sedet mudará sua sede para o Centro de Eventos e aplicará sua estrutura de governança, o que facilitará os processos e os registros de dados. O modelo desenvolvido pelo secretário-executivo da pasta, Sérgio Cavalcante, une as estratégias criadas pelo projeto Ceará 2050, das áreas de recursos humanos e de tecnologia da informação e da gestão do FDI (este último se tornará automático).

Ou seja, há o esforço para um trabalho mais eficaz, com mostra de resultados e menos decepções com negociações com investidores.

BATE-PRONTO>> Ladislau Dowbor

Brasil sofre com capitalismo extrativo disfuncional

professor Ladislau Dowbor(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação professor Ladislau Dowbor

 

O economista e professor-titular de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Ladislau Dowbor, em entrevista ao Guia Econômico da Rádio O POVO/CBN, falou sobre as crises econômicas, os problemas relacionados à desigualdade no Brasil, e o impacto do capitalismo extrativista. Confira alguns pontos da entrevista:

O POVO - O senhor, sendo um pesquisador e um estudioso, como avalia o modelo político-econômico aplicado pelo ministro Paulo Guedes e pelo presidente Jair Bolsonaro?

Ladislau Dowbor - O modelo aplicado vem de 2014, praticamente, quando ocorre a Lava Jato, e quebram grandes empresas. De lá pra cá, estamos com a economia parada. Na realidade, o momento de 2014 é chave, e o Banco Mundial usa isso para analisar o Brasil. Na fase de 2003 a 2013, que é a fase distributiva, foram 149 programas (as pessoas falam do Bolsa-Família, mas tem o Luz para Todos, a elevação do salário mínimo, os benefícios de prestação continuada), que dinamizaram a economia pela base. Nessa etapa, o Brasil cresceu em média 3,8% ao ano, apesar da crise internacional de 2008. De 2014 para cá, o processo se inverte: no lugar de passar dinheiro para a base da sociedade, dinamizando a demanda, as empresas não têm para quem vender, e isso gera mais desemprego. Vale lembrar que o desemprego havia caído de 12% para 6%. Ou seja, a conta fechava em termos do ciclo econômico.

O POVO - Quais as consequências dessa reversão?

Ladislau Dowbor - Isso que estamos sofrendo, com o teto de gastos e a dificuldade de acesso a bens de consumo coletivo, com quebra das leis trabalhistas, reduziu o rendimento da massa da população. Atualmente está mais barato contratar mas, para o empresário, não adianta contratar se não há para quem vender. Na verdade, quando há quebra da demanda, há também a quebra da atividade empresarial. Atualmente, o desemprego está em quase 15% e as empresas estão trabalhando com 70% da sua capacidade porque há pouca demanda, e o crédito para eles é muito caro. O resultado é o esfriamento, tanto do consumo quanto da atividade empresarial, gerando menos impostos e recursos para o Estado. Temos hoje uma paralisia do consumo, as famílias vivem pior e as empresas estão pior. Na realidade, o Banco Mundial nos apresenta que hoje nós estamos com uma economia abaixo de 2011. É uma década perdida, e isso ocorre porque praticamente se passou muito mais dinheiro para grupos financeiros do que para o consumo e para a produção.

 

"O mais importante não é de onde vem o dinheiro, mas para onde vai. Na ONU, trabalhamos com o retorno dos investimentos em saneamento básico: um real que você coloca em saneamento básico representa quatro reais que você deixa de gastar com saúde"

 

O POVO - Como o senhor avalia a ação de governos, como no caso dos Estados Unidos, de injetar dinheiro para a recuperação da economia? Isso gera inflação?

Ladislau Dowbor - O mais importante não é de onde vem o dinheiro, mas para onde vai. Na ONU, nós trabalhamos com o retorno dos investimentos em saneamento básico: um real que você coloca em saneamento básico representa quatro reais que você deixa de gastar com saúde, porque água contaminada é o principal vetor de transmissão de doenças. Se esse dinheiro vier a partir de emissão monetária ou de conversão das reservas cambiais, isso pouco importa. A questão é para onde ele vai. No caso do Brasil, os recursos foram essencialmente para os bancos. O Paulo Guedes disse que o dinheiro ficou empossado, o dinheiro está nos bancos, e os bancos dizem que estamos em crise e não queremos o risco. Se você leva esse recurso para ajudar as empresas, isso gera salário e gera consumo. Por que não gera inflação? Porque as empresas estão trabalhando com 70% da sua capacidade. Ou seja, as empresas têm como aumentar rapidamente a oferta, e você equilibra oferta e procura.

O POVO - O Brasil tem um Comitê de Política Monetária (Copom) para avaliar os indicadores. Todas as vezes em que aumenta a inflação, os juros tendem a subir. Por que essa política não dá certo?

Ladislau Dowbor - Porque não tem nenhuma base lógica, nem base científica.

O POVO - E porque se insiste nela?

Ladislau Dowbor - Porque, quando se aumenta a taxa Selic, onde os bancos aplicam seu dinheiro, isso aumenta os rendimentos dos grupos financeiros. Qual é a lógica? Se o Brasil tivesse uma economia funcionando a todo vapor, com as empresas em dificuldade para responder a demanda, com todo mundo consumindo muito, se aumentaria a taxa de juros primária (Selic). Estou falando da Europa, não estou falando daqui. Nesses casos, as pessoas, em vez de estarem consumindo, vão achar mais interessante aplicar o dinheiro, e isso esfria a economia. Agora, no nosso caso, o problema é o excesso de esfriamento da economia: estamos com a economia parada, estamos no nível de 2011, estamos nos desindustrializando. As empresas estão fechando porque, de um lado, não há para quem vender; e do outro, as taxas de juros são altas. No rotativo do cartão, a taxa de juros está em 288%; no Canadá, essa taxa é de 11% ao ano. Assim, você tem um travamento da capacidade das empresas, e a inflação não vai mudar em nada com esse aumento da taxa de juros, isso é uma farsa. Em economia, as farsas são frequentes, e hoje chamamos elas de "narrativas".

O POVO - Queria que o senhor falasse dessa financeirização. Muita gente diz fazer investimento financeiro, mas o senhor ressalta uma diferença entre investimento e aplicação.

Ladislau Dowbor - Essa distinção é fundamental e está sendo usada no mundo todo: você pega os grandes nomes internacionais da economia e eles trabalham com o conceito de "capitalismo extrativo". Grande parte da população e das empresas buscam os bancos porque estamos em uma situação crítica, desesperados, e os bancos cobram o que querem. A constituição de 1988 colocou um limite legal à agiotagem, que era o artigo 192. Foi feita uma emenda que retirou esse artigo e liberou a agiotagem. É por isso que temos esse tipo de taxa de juros, que atinge hoje no Brasil 62 milhões de adultos, que estão em bancarrota. Isso é desajustado e disfuncional.

MELHORA DA CONFIANÇA

O Índice de Confiança das Micro e Pequenas Empresas segue em recuperação. Conforme o boletim mensal de sondagem econômica MPE, realizado pelo Sebrae em parceria com a FGV, houve um aumento de 4,1 pontos em julho. O comércio foi a atividade mais otimista, com elevação de 5,2 pontos, em função da elevação da demanda de compra; a área de serviços ficou em segundo lugar, com 4,1 pontos, seguida pela indústria, com 2,8 pontos.

Breves

BNB - O Banco do Nordeste terminou o primeiro semestre com lucro líquido de R$ 710,4 milhões. Foram realizadas 2,6 milhões de operações de crédito. Ou seja, houve um incremento de 113,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

OMNICHANNEL - As empresas do comércio estão ampliando seus canais de venda. Pesquisa realizada por três grandes empresas de marketing no País mostra que 60% dos brasileiros já consomem de forma híbrida. Para Aline Honório, gestora de operações da Ângulo Digital, o omnichannel (consumo físico e digital) já é uma realidade. "Não é preciso descartar totalmente a loja física em detrimento da loja virtual".

CONSTRUÇÃO - Empresas de construção civil preparam novos projetos. No Ceará, a Victa Engenharia, que pertence ao grupo Diagonal, está com o recém-lançado empreendimento Alta Vista Passaré, próximo à Arena Castelão e ao Centro de Formação Olímpica. "Estamos com ótimas expectativas para esse segundo semestre, e temos a certeza de que o produto vem agregar ainda mais à região", destaca João Ximenes Fiuza, diretor-comercial da Diagonal.Ips, sides contem noculle ssentum or qua L. Ahae rehebus coendaci publium peribunt arbitilis.

 

Foto do Neila Fontenele

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