
Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
A desigualdade salarial entre homens e mulheres parece atingir todas as áreas. No segmento médico, a Pesquisa Salarial do Médico desenvolvida pelo Research Center, núcleo de pesquisa da Afya (hub de educação e soluções para a prática médica), aponta que as médicas recebem, em média, 23% a menos do que seus colegas homens.
Segundo os dados do estudo, a renda mensal das profissionais mulheres é de R$ 17.535,32, enquanto a dos homens chega a R$ 22.669,86. A diferença de mais de R$ 5 mil é motivada por fatores como o valor médio da hora trabalhada: para os médicos, é de R$ 417; para as médicas, R$ 370.
Outro ponto destacado é a jornada de trabalho: enquanto os homens são mais demandados e acabam trabalhando, em média, 54,3 horas semanais, as mulheres (menos demandadas) dedicam 47,4 horas à profissão. A desigualdade salarial ainda é agravada por fatores regionais, nível de formação ou especialização e idade.
Com a maturidade, a diferença de renda entre os profissionais tende a diminuir. A pesquisa constatou que, entre os profissionais de 45 a 55 anos, a diferença salarial é de aproximadamente 8,1%, indicando um maior equilíbrio.
https://mais.opovo.com.br/colunistas/neila-fontenele/2025/04/15/produtividade-a-qualquer-custo.html
A situação fica mais complicada quando a carreira profissional começa a concorrer com o exercício da maternidade, as jornadas duplas e o acúmulo de responsabilidades - fatores que forçam uma redução da jornada de trabalho para 46,7 horas semanais, enquanto os homens trabalham uma média de 55,2 horas por semana quando se tornam pais.
O médico Eduardo Moura, diretor do Research Center da Afya, lembra que a desigualdade vai além da remuneração, incluindo a ausência de uma divisão justa de responsabilidades. Foram ouvidos pelos pesquisadores 2.637 profissionais de todos os gêneros, em um intervalo de tempo entre novembro de 2024 e janeiro de 2025.
É interessante ver a diferença entre os médicos em relação às questões de gênero, mas chama atenção como os períodos dedicados ao trabalho são longos, acima das 44 horas semanais previstas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). No momento em que se fala da redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais, seria o caso de pensar o tempo que os médicos dedicam à profissão em detrimento da própria saúde. Com o aumento do número de profissionais no mercado, seria oportuno também repensar essa jornada prolongada.
As novas tecnologias estão transformando a atuação de algumas profissões tradicionais. Na área odontológica, por exemplo, observa-se um impacto significativo da digitalização de processos, equipamentos e materiais.
No VIII Congresso Internacional de Odontologia do Ceará (Cioce), que será realizado de 17 a 20 de maio no Centro de Eventos do Ceará, esse será um dos temas principais. O presidente do evento, Bruno Rocha da Silva, destaca os vários avanços da área, como a realização de implantes dentários em apenas 15 minutos, com muito mais conforto para o paciente e minimização de riscos. Outro benefício importante é a possibilidade de previsão detalhada do resultado final do procedimento.
Grandes nomes participarão do congresso em Fortaleza - entre eles, Swedenberger Barbosa, chefe do Gabinete Adjunto de Gestão Interna do Gabinete Pessoal do Presidente da República, e Doralice Severo da Cruz, coordenadora-geral de Saúde Bucal do Ministério da Saúde. "Será um seminário riquíssimo para o debate sobre os avanços da saúde bucal nos próximos anos", reforça o presidente do Cioce.
Na avaliação de Bruno Rocha, atualmente os maiores empecilhos à aplicação dessas inovações não estão no alto custo dos investimentos — que podem ser terceirizados —, mas na resistência de alguns profissionais em romper com os hábitos consolidados em suas práticas.
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