Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
Com a possibilidade de uma vida que supere os 100 anos, passamos a vivenciar um fenômeno novo: o adolescente cinquentão. Se a longevidade nos trouxe décadas a mais, ela também redefiniu completamente o que significa a maturidade e, principalmente, a vida profissional.
Em 2008, o psicanalista Jorge Forbes já havia alertado para as consequências desse ganho de 30 a 40 anos na expectativa de vida. Ele identificou uma quebra no equilíbrio onde o corpo poderia estar ótimo, mas a cabeça nem tanto, e o surgimento de choques familiares nunca antes pensados: "O avô — nem mesmo o pai - rouba a namorada do amigo do neto, enquanto o neto embarca nos prazeres da amiga da avó."
Ou seja, as relações se tornam mais complexas e fluidas. A ordem considerada natural das coisas passa a ser desafiada. Diferente do passado, a profissão não é mais decidida apenas aos 15, 16 ou 17 anos. Embora essa seja a idade em que muitos escolhem a faculdade, essa também é uma decisão nova para muitos cinquentões e cinquentonas que buscam um recomeço.
A insatisfação com o trabalho, a frustração com as carreiras tradicionais e a insegurança financeira têm feito muita gente buscar novas formas de reinvenção na maturidade.
Este é um processo difícil, apesar de todas as experiências adquiridas, mas que tem gerado um mercado novo para os orientadores de carreira. Psicólogos e mentores estão ocupando esse espaço e ajudando a transformar a expertise acumulada em novos caminhos.
Um exemplo é o produtor e mentor Márcio Castellani, criador do Código da Maturidade Ativa (Código DMA). O programa de reposicionamento busca ajudar pessoas a transformar experiência em propósito de vida, com base em pilares como força, fé e coragem.
Castellani afirma que o trabalho tem como base sua experiência pessoal de reinvenção e o acompanhamento de pessoas que conseguiram transcender seus bloqueios: "Durante anos, tive vigor físico e fé de que as coisas iam melhorar. Mas só entendi de fato a razão pela qual os negócios não fluíam quando percebi os bloqueios emocionais e inconscientes que me travavam. Essa é a realidade de muitos profissionais 40 , que carregam uma bagagem valiosa, mas sofrem por não saber como organizar e usar essa riqueza da vida no momento atual, acrescenta."
Percebendo as novas demandas, algumas universidades já oferecem descontos e programas específicos para pessoas 50 . A tentativa é de atrair esse mercado valioso e, ao mesmo tempo, superar questões como o etarismo ainda tão comum.
O fato é que há um processo de transformação em curso e são necessárias novas políticas de inclusão e acolhimento para abraçar as possíveis contradições dessa nova fase da vida.
Estreia hoje, às 19 horas (logo após o O POVO News segunda edição), na TV O POVO (Canal 48.2) e no YouTube, o programa "Velho, eu?", que discute os desafios impostos pela longevidade. O programa é apresentada por esta jornalista e psicóloga envelhescente e pela médica Márcia Alcântara.
A médica e presidente do Instituto Roda da Vida, Paola Tôrres, lançou o livro "Integrar para Cuidar: as PICS em Cordel". A obra, que une ciência, arte e tradição, foi lançada durante o 3º Congresso Mundial de Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa.
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