É o(a) profissional cuja função é exclusivamente ouvir o leitor, ouvinte, internauta e o seguidor do Grupo de Comunicação O POVO, nas suas críticas, sugestões e comentários. Atualmente está no cargo o jornalista João Marcelo Sena, especialista em Política Internacional. Foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO e de Política
Não citar os nomes das organizações criminosas deixou de fazer sentido e se tornou uma alienação de informação aos leitores. Mudar essa conduta foi uma decisão acertada
Foto: Divulgação Polícia Civil
A OPERAÇÃO Strike da Polícia Civil, contra ataques a empresas de internet, apreende armas de fogo
Nas últimas semanas foi levantado no grupo de integrantes do Conselho de Leitores do O POVO no Whatsapp um debate acerca da cobertura de segurança pública feita pelo jornal. Mais especificamente em relação à escolha por mencionar ou não nas matérias os nomes das organizações criminosas com atuação no Estado e no País. O comentário foi feito mostrando como exemplo uma notícia de fevereiro sobre a prisão de uma mulher em Santa Catarina suspeita de liderar no Ceará uma facção cujo nome não foi citado no texto.
No entanto, outros conteúdos produzidos por O POVO no âmbito da cobertura de segurança, antes e depois desse exemplo citado, traziam nos títulos e nos textos as denominações de Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC), Guardiões do Estado (GDE) entre outros grupos criminosos.
De fato, durante alguns anos da última década, O POVO optou, como diretriz na Redação, por omitir esses nomes dos grupos nas matérias, como forma de não dar visibilidade a tais facções. As poucas exceções se davam quando era considerado essencial para a informação constar na notícia o nome da organização criminosa.
Os anos se passaram e esta prática foi aos poucos deixando de fazer sentido. As facções seguem como o grande problema da segurança pública que o Estado não consegue solucionar. O poder dessas organizações foi consolidado independentemente da visibilidade que a imprensa como um todo teria capacidade de dar a elas. Não citar os nomes delas se tornou uma alienação de informação aos leitores. Mudar essa conduta foi uma decisão acertada.
Matéria do O POVO publicada na edição impressa da última quarta-feira, 17, trouxe detalhes acerca da operação Strike, que resultou na prisão de 17 pessoas por suspeitas de crimes contra empresas de internet no Ceará. As ações foram deflagradas pela Polícia após uma série de ataques e extorsões feitas pelo CV contra provedoras de internet, com objetivo de garantir exclusividade do serviço ou arrecadar dinheiro em troca da permissão para atuar em determinados territórios.
Contudo, dois pontos chamaram a atenção. O primeiro é de que o nome da facção não constava no texto, mesmo com matérias anteriores que citavam o CV como suspeita de promover os ataques. A própria notícia publicada no portal, no dia anterior, citava a facção com origem no Rio de Janeiro.
O segundo é de que o texto não informou quem são três dos presos em flagrante apontados como supostas lideranças das ações e extorsões contra as empresas de internet. A matéria do Diário do Nordeste, por exemplo, destacou no título que tinha essa informação.
Questionei a Redação para entender os procedimentos adotados neste caso. Tânia Alves, editora-chefe de Cidades, afirma que a apuração do O POVO não obteve os nomes das supostas lideranças presas na operação “Strike” e que não se trata de uma opção por não publicá-los. “Não tivemos acesso aos nomes. Na coletiva, não foram citados os nomes dos presos. É um procedimento adotado há poucos meses pela SSPDS”, respondeu.
Quanto à facção, ela considera que o nome do Comando Vermelho deveria ter sido dito na matéria. “No caso, devíamos ter citado. Foi feito inicialmente, mas na consolidação do texto o nome do Comando Vermelho foi retirado indevidamente. Atualizamos a matéria no online para constar a facção”, complementou.
A propósito, material publicado no dia 8 de março no O POVO+ e na edição do impresso da última segunda-feira, 10, foi um exemplo da importância de levar aos leitores todas as informações, sem subterfúgios. Assinada pelo repórter especial de Cidades Cláudio Ribeiro, a reportagem “Conexão entre facções: criminosos cearenses pagam "aluguéis" de R$ 100 mil para se esconder no Rio” foi um primor de apuração que vale a leitura.
O conteúdo explica que esse tipo de "hospedagem" a integrantes de facção passa longe de ser novidade e foi reconfigurada nos últimos anos. O texto já antecipa essa ligação CE-RJ como central nos ataques e ameaças a provedores de internet feitas pelo CV, que viriam a resultar na operação Strike dias depois. E detalha nomes e papéis de supostas lideranças que, da Rocinha, coordenariam à distância ações criminosas em território cearense.
A reportagem conecta ainda vários episódios e ajuda a formar um quebra-cabeça para entender a atuação do CV no Ceará. Explica, por exemplo, a suposta ligação da facção com as eleições municipais em Santa Quitéria, assim como a prisão dos quatro membros da organização ao desembarcarem no Aeroporto de Fortaleza no fim de janeiro.
Reconhecimento facial e dilemas éticos
O uso do reconhecimento facial com fins para a segurança pública é um tema que promete ainda gerar muito debate. Nos últimos dias, O POVO produziu matérias de serviço para que torcedores pudessem realizar o cadastro biométrico necessário para assistir na Arena Castelão à final do Campeonato Cearense entre Fortaleza x Ceará, realizada nesse sábado, 15.
Diante de um cenário em que a crise na segurança pública é uma constante, assim como o panorama de violência nos estádios de futebol, um debate sobre a ética do uso desse tipo de tecnologia tem grandes chances de ser engolido pela realidade. Mas isso não significa que ele deve ser esquecido.
Quais são os padrões éticos estabelecidos pelo poder público para uso e armazenamento dessas imagens? Quais as garantias de segurança e privacidade oferecidas em relação ao armazenamento desse conteúdo? O que garante que a imagem do meu rosto vai ser utilizada para fins dos quais desconheço? As respostas para essas perguntas deveriam ser mais claras e é papel também da imprensa dar atenção a isso.
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