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O p*nis da Fiocruz
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

O p*nis da Fiocruz

No artigo anterior, publicado no O POVO+, anotei no título: Mayra Pinheiro depõe na CPI e terá de explicar o 'TrateCov', o receitador de cloroquina. Como era esperado, a secretária de Gestão e Trabalho do Ministério da Saúde embananou-se toda e, ainda, contrariou o depoimento de seu antigo chefe, o ex-ministro, general (da ativa) Eduardo Pazuello, à CPI da Pandemia.

Pazuello dissera que um “hacker” havia “roubado” a “plataforma” com o objetivo de alterá-la. Mayra negou o raqueamento, e falou em “extração de dados”, que teria sido realizada por um “jornalista”, e que o caso estava sendo investigado pela polícia.

Porém, os fatos são os seguintes: o jornalista Rodrigo Menegat apenas extraiu o código-fonte (uma espécie de “mapa” de instruções), que é público e pode ser consultado por qualquer pessoa. Sem modificar nada no dispositivo, ele simulou várias situações com pacientes hipotéticos.

Em todas, a recomendação era a mesma: o uso cloroquina ou remédios do chamado “kit Covid”, os únicos medicamentos disponíveis no aplicativo. Vários jornalistas fizeram o teste, inclusive quando a plataforma estava disponível na página do Ministério da Saúde, com resultados semelhantes, mesmo quando os “pacientes” eram mulheres grávidas ou crianças..

Mayra disse que o dispositivo poderia ter salvado “muitas vidas” se não tivesse sido retirado do portal para “investigação”. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) perguntou, então, por que o aplicativo ainda não fora recolocado no ar. A resposta foi que o Ministério estava se “reorganizando” para fazê-lo (desde janeiro, diga-se).

Um momento surreal do depoimento da secretária foi quando o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou um vídeo no qual Mayra acusa a Fiocruz de preocupar-se somente com questões LGBT, afirmando ter visto um “pênis” inflável, na porta da entidade.

A secretária confundiu(?) o logotipo de comemoração dos 120 anos da entidade, que reproduzia parte do estilo mourisco do prédio — uma coluna que termina em forma arredondada — com um “aparelho reprodutor masculino”, termo que o recatado senador Randolfe preferiu usar. É difícil compreender esse tipo de obsessão que aflige a tantos bolsonarianos.

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