Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Mais da metade dos brasileiros, 55,2%, vivem em insegurança alimentar. Se essas pessoas constituíssem um país, estaria em 12º lugar do mundo em número de habitantes.
O trabalho da Rede Penssan valeu-se da Escala Brasileira de Segurança Alimentar, usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para avaliar quantos brasileiros são atingidos pela insegurança alimentar, que caracteriza-se quando alguém não tem acesso pleno e permanente a alimentos. Ou seja, quando passa fome ou quando precisa reduzir a quantidade de alimentos da familia ou não tem certeza se conseguirá comer adequadamente.
Segurança alimentar: capacidade normal de manter-se alimentado.
Insegurança leve: incerteza quanto à capacidade de manter o padrão alimentar. Insegurança moderada: incerteza quanto à capacidade de manter o padrão alimentar, tendo a família de reduzir a quantidade e a frequência da alimentação. Insegurança grave: fica sem comer um dia inteiro ou mais.
O inquérito da Rede Penssan começa com o seguinte alerta:
Os números da fome no Brasil são alarmantes. Olhe para eles. Não desvie o olhar. O desafio é de todas e de todos nós!
Não há exagero: a pesquisa mostra que em 55,2% das casas seus moradores convivem com algum tipo de insegurança alimentar, aumento de 54% desde 2018, quando o índice de insegurança era de 36,7%.
Em números absolutos, 116,8 milhões de brasileiros não têm acesso pleno e permanente a alimentos. Se essas pessoas constituíssem um país, ele estaria em 12º lugar do mundo em número de habitantes.
Do total de brasileiros em insegurança alimentar, 19,1 milhões estão no tipo “grave”, ou seja, passam fome. Se fossem um país, seria o 61º em número de habitantes, entre as mais de 190 nações do mundo.
“Fome não tem hora, mas tem lugar”
As regiões mais afetadas pela insegurança alimentar grave são as regiões Norte (18,1% dos lares) e Nordeste (13,8%), mais do que o dobro no Sul/Sudeste (6%) e quase o dobro das ocorrências no Centro Oeste (6,9%).
O fato é que o principal problema do País é a desigualdade brutal que atinge seus habitantes. Enquanto esse problema não for resolvido, o Brasil não sairá do atoleiro.
Qualquer outra medida, que desvie o olhar do problema, será mera cortina de fumaça para esconder essa vergonha.
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>> O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 foi realizado em 2.180 domicílios nas cinco regiões do país, em áreas urbanas e rurais, entre 5 e 24 de dezembro de 2020. >> Os dados sobre a população dos países são estimativas da ONU, registradas na Wikipedia.
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