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Moro está na praça para enganar os incautos, com o apoio dos espertos de sempre
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Moro está na praça para enganar os incautos, com o apoio dos espertos de sempre

Agora, aparece outro paladino da moral e dos bons costumes e do combate à corrupção, justamente aquele que não quis "melindrar" FHC com investigações da Lava Jato.
O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Foto: Eduardo MATYSIAK / AFP)
Foto: Eduardo MATYSIAK / AFP O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro

Tenho repetido que a desigualdade é o principal problema do País, sem desconsiderar o grave problema da corrupção, que tem de ser combatido. A anomalia é que a corrupção é um biombo para os canalhas, que só descobrem os males dela decorrentes quando os seus privilégios lhes parecem correr risco.

No livro a “A privataria tucana”, o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, expõe graves indícios de corrupção nas privatizações no governo de Fernando Henrique Cardoso. Some-se a essa ação — “no limite da irresponsabilidade” —, a suspeita de que FHC comprou seu segundo mandato.

Entretanto, FHC é lembrado por esses malfeitos, ao gosto do mercado? Não. Ficou a imagem de um governo que derrubou a inflação e estabilizou a economia, o que de fato tem de ser reconhecido.

E por que o governo Lula, que retirou milhões de brasileiros da pobreza extrema, e promoveu o acesso maciço de jovens à universidade, é mais lembrado pelo “mensalão”?

Já pensaram nisso?

É que Lula assustou uma certa classe média ignorante, que não admite que os pobres tenham alguns de seus privilégios, como frequentar shoppings (lembra o rolo dos “rolezinhos”?) ou viajar de avião (“aeroporto está parecendo rodoviária”). Acrescente-se uma elite truculenta que o vê — equivocadamente — como “inimigo” do mercado, e tem-se o caldo para louvar-se a um e maldizer o outro.

Isso desculpa Lula pela corrupção ocorrida em seus mandatos? Por óbvio, não. Como também não absolve FHC e nem todos os governos já existentes nessa Terra de Santa Cruz.

“Ah, mas no governo Lula se roubou mais.” Amigo, me diga uma coisa: você é contra o roubo ou depende do valor surrupiado ou de quem comete o crime?

O problema da corrupção é estrutural e não será resolvido com um sujeito dando murro na mesa, a exemplo do que fizeram os militares (1964), Collor (1989) e Bolsonaro (2018). Ou seja, em média, a cada 18 anos aparece um “salvador da pátria” usando o espantalho da corrupção para enganar incautos, mantendo a prática desviante quando empalma o poder.

Agora, aparece outro paladino da moral e dos bons costumes e do combate à corrupção, justamente aquele que não quis “melindrar” FHC com investigações. Sim, ele mesmo, o ex-juiz Sergio Moro. Ele está na praça para capturar novamente o voto dos simplórios e dos espertos de sempre.

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Recentemente escrevi o artigo “Se há uma lição a ser aprendida é que a desigualdade é sempre uma escolha política”, comentando o estudo que mostra o Brasil como um dos países mais desiguais do mundo.

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