A má ideia de Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa do Ceará
Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
A má ideia de Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa do Ceará
Não bastam os anexos megalomaníacos da Casa em Fortaleza, agora querem levar o mesmo despropósito para o interior do Ceará.
Leio na coluna do jornalista Carlos Mazza que o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT), pretende implementar, a partir do próximo ano, “um programa de descentralização de prédios e serviços do Legislativo para todo o interior do Ceará”.
De acordo com o plano serão instaladas pequenas unidades da Casa em todas as 14 macrorregiões administrativas do Estado. Entre os objetivos está a implantação de centros de oferecimento de serviços à população.
Em meio ao aperto geral quando a boa aplicação de recursos aconselha evitar-se dispêndios desnecessários, Evandro anuncia que a medida — sem urgência alguma — vai gerar novos gastos e “algumas” contratações. Noves fora, a reforma e a manutenção dos prédios, que serão cedidos, segundo ele, pelas prefeituras. Para o presidente da Assembleia, o projeto é importante para reforçar a “sensação de pertencimento” da população com o Legislativo.
Na tentativa de tranquilizar o cidadão contribuinte, Evandro diz que o aumento de gastos não vai “estourar” o orçamento da Assembleia.
Ora, não se trata disso. O fato é que:
1) Não é com prédios e oferecendo serviços, cuja obrigação primordial é dos Executivos, que haverá sensação de “pertencimento” com o Legislativo. Se estiver sobrando dinheiro, o melhor seria devolvê-lo ao Executivo cearense para ser aplicado nas mais prementes necessidades da população que, assim, se sentiria mais bem representada.
2) O projeto tem cara, cor e cheiro de proposta eleitoreira, com a criação de mini-Assembleias que se tornarão cabide de empregos sob o controle de políticos.
3) Além disso, a tal “interiorização” ficaria prejudicada já que apenas 14 cidades receberão benefício.
4) Se, depois de tudo, o presidente continuar entendendo que pode ajudar a melhorar a qualidade de alguns serviços prestados no interior, não seria melhor um convênio com as próprias prefeituras, sem a necessidade de criar nova e dispendiosa estrutura nas cidades?
O problema é que o vírus do “tocador de obra” parece contaminar quem senta na cadeira de presidente da AL. Não bastam os anexos megalomaníacos da Casa em Fortaleza, agora querem levar o mesmo despropósito para o interior do Ceará.
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