O golpe foi contido, mas a tentativa já foi grave o suficiente
Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
O golpe foi contido, mas a tentativa já foi grave o suficiente
O governo deveria aproveitar essa ofensiva que vai fazer contra os golpistas para descalçar a luva de pelica com a qual as Forças Armadas vem sendo tratadas até agora, cobrando dos militares o incentivo que deram aos golpistas
O golpe estava gritando em cada esquina e à sombra dos quartéis. Porém a força terrorista foi minimizada por colunistas importantes sob a alegação de que a mobilização iria arrefecer depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo governo também parece ter acreditado nessa hipótese farsesca. O ministro da Justiça, Flávio Dino, chegou a marcar a retirada dos golpistas de frente do Quartel General do Exército, em Brasília, na sexta-feira passada; hoje, domingo (8/1/2023) obteve a resposta dos criminosos.
Porém, dito isso, por óbvio a tentativa de golpe que hoje abalou o Brasil e repercutiu em todo mundo, é de responsabilidade exclusiva do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus sequazes, políticos ou não. Eles são os golpistas que se amontoam em frente aos quartéis, aqueles que praticam o agronegócio de devastação; a mineração em terras indígenas; a exploração ilegal de madeira, devastando florestas, e outros tipos de vagabundos.
Entra nessa roda os que facilitaram o deslocamento e a ação dos baderneiros, como Anderson Torres, secretário demitido do Distrito Federal, e do próprio governador do DF, Ibaneis Ibaneis Rocha. Por seu lado, a Polícia Militar do Distrito Federal, em vez de impedir o deslocamento, “escoltou” os golpistas até o local do crime, a Praça dos Três Poderes, quando a corja invadiu e depredou o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF)
Todos esses responsáveis, de um modo ou de outro, foram citado por analistas acadêmicos e comentaristas políticos. Porém, falta um personagem que precisa responder pela sua atuação nessa tentativa de golpe: as Forças Armadas. É de se lembrar que ataques terroristas foram planejados às portas de quartéis, cujos militares insistiam em classificar a bandalheira como “manifestação democrática”. O general André Luiz Ribeiro Campos Allão, comandante da 10ª Região Militar do Exército, em Fortaleza, chegou a dizer que protegeria os participantes do acampamento “mesmo que existam ordens de outros poderes no caminho contrário”. (Onde estaria agora esse valente?)
O governo deveria aproveitar essa ofensiva que vai fazer contra os golpistas para descalçar a luva de pelica com a qual as Forças Armadas vem sendo tratadas até agora, cobrando dos militares o incentivo que deram aos golpistas.
Mais do que prender o “mané” que participou da invasão aos prédios dos três poderes, é preciso chegar aos mandantes e financiadores dessa tentativa de golpe e fazê-los pagar nos termos da lei.
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