Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Existe um campo aberto para a direita civilizada se organizar, criando um partido relevante que possa fazer a disputa ideológica nos marcos da democracia
Em artigo anterior, Eleitores de direita à procura de um líder, comentei estudo do Instituto Locomotiva e do Idea Instituto mostrando que pesquisa realizada somente entre eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro chegou-se ao seguinte resultado:
18% afirmaram que apenas Bolsonaro tem força para representar a direita. 28% responderam que outros líderes podem representar a direita, desde com apoio de Bolsonaro. 54% disseram que outro líder de direita poderia representar esse segmento ideológico.
Por outra vista, levantamento nacional do Datafolha (FSP, 17/3/2023) mostra que a divisão, a chamada “polarização”, observada no processo eleitoral de 2022 ainda se mantém.
A sondagem revelou que às perguntas de quem se considerava “bolsonarista convicto” e “mais próximo do bolsonarismo”, as respostas somaram 32%. Já os petistas convictos somados com os que se declararam “mais próximos” totalizaram 38%.
Os totalmente convictos são 25% bolsonaristas e 29% petistas. Os “neutros” somam 20%, seguidos de “nenhum” (8%) e “não sabe” (2%). Esses dados se mantêm estáveis em comparação às duas pesquisas anteriores.
Não é possível fazer a comparação entre as duas pesquisas, pois ouviram públicos diferentes com abordagem diversa.
Mas pode-se chegar a algumas conclusões:
1. Mesmo Bolsonaro aproximando-se da inelegibilidade, devido a processo contra ele que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a direita ainda não dispõe de um líder que possa substituí-lo.
2. Existe um campo aberto para a direita civilizada se organizar, criando um partido relevante que possa fazer a disputa ideológica nos marcos da democracia, pois 54% dos que estão nesse segmento ideológico concordam que outro líder pode substituir Bolsonaro.
3. A esquerda não tem necessidade, por ora, de buscar outro líder, pois Lula mantém-se, de modo inconteste nessa condição. (Ele terá 81 anos em 2026, a idade que Joe Biden terá no próximo ano, quando pretende candidatar-se à reeleição para a presidência dos EUA.)
4. A divisão de 1/3 do eleitorado de “esquerda” e 1/3 de “direita”, observado pelo Datafolha, indica que a “polarização” permanece em disputa pelo terço restante do eleitorado.
Assim sendo, a “terceira via” foi e continua sendo uma miragem. *
PS. Relevei, para efeito deste comentário, o fato de Bolsonaro ser um líder de extrema direita e não um líder da direita clássica, que respeita as balizas democráticas. No Brasil, infelizmente há uma confusão entre esses dois conceitos, o que favorece os extremistas de direita.
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