Bolsonaro e os novos defensores dos direitos humanos
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Bolsonaro e os novos defensores dos direitos humanos
Só falta um contrito Bolsonaro vir a público para se retratar de seu ódio aos direitos humanos, um símbolo da civilização, pedindo desculpas pela sua desumanidade
Foto: Videofilmes/divulgação
Rubens Paiva e sua esposa Eunice Paiva
Chega a ser comovente observar a atual preocupação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados com os direitos humanos.
É obrigatório reconhecer ter sido uma evolução fenomenal para quem, como Bolsonaro, considerava os direitos humanos o “esterco vagabundagem”, como disse em discurso na Câmara, quando era deputado.
O avanço, digamos assim, “progressista” do presidente em relação ao tema fica mais evidente quando consideradas declarações anteriores do mais novo militante dos direitos humanos.
— “O erro da ditadura foi torturar e não matar.”
— “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.” ((Saudando um dos piores torturadores e assassino da ditadura militar.)
— “Eu sou favorável à tortura.”
— “Deveriam ter fuzilado uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso”
— “Sou a favor, sim, de uma ditadura, de um regime de exceção.” (Nota: tentou, mas não conseguiu.)
— “Pinochet devia ter matado mais gente.” (Referência ao ex-ditador do Chile)
— “Desaparecidos do Araguaia? Quem procura osso é cachorro.” (Sobre militantes do PCdoB assassinados pela ditadura.)
Para completar, Bolsonaro cuspiu no busto de Rubens Paiva quando de sua inauguração na Câmara dos Deputados, xingando-o de “comunista”, “desgraçado” e “vagabundo”, segundo relato de Chico Paiva, neto de Rubens. (A história de Rubens Paiva, assassinado pela ditadura, é contada no filme “Ainda estou aqui".)
Agora, Bolsonaro, o novo missionário em defesa dos direitos fundamentais, está defendendo uma “anistia humanitária” aos golpistas de 8 de janeiro.
Claro que esse novo homem não o faz em defesa própria. Ele está preocupado unicamente com as velhinhas que invadiram a sede dos três poderes com bíblias debaixo do braço, pensando que estavam indo a um culto.
Mas, por via das dúvidas, a turma de Bolsonaro — que nunca foi simpática aos direitos humanos — está acompanhando o chefe nesse, chamemos assim, “rebranding”.
O grupo alega que Bolsonaro está sendo vítima de violação dos direitos humanos por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator dos processos que correm contra o ex-presidente na Corte.
Queixa nesse sentido foi feita a Pedro Vaca, relator especial para a Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que esteve em visita oficial ao Brasil.
Para que a adesão aos direitos fundamentais de antigos detratores se torne real, só falta um contrito Bolsonaro vir a público para se retratar de seu ódio aos direitos humanos, um símbolo da civilização, pedindo desculpas pela sua desumanidade.
Como gostam de dizer os militares: “A palavra convence, o exemplo arrasta”.
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