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A anarquia fomentada por Trump
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

A anarquia fomentada por Trump

O que parece escapar aos analistas é que Trump fomenta conscientemente caos para surgir como "salvador" dos problemas que ele mesmo criou
O memorial do Monumento à Paz é visto em frente ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, em Washington, DC. - Os partidários de Donald Trump invadiram uma sessão do Congresso realizada hoje, 6 de janeiro, para certificar a vitória eleitoral de Joe Biden, desencadeando caos e violência sem precedentes no coração da democracia americana e acusações de que o presidente estava tentando um golpe. (Foto de ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)
 (Foto: AFP)
Foto: AFP O memorial do Monumento à Paz é visto em frente ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, em Washington, DC. - Os partidários de Donald Trump invadiram uma sessão do Congresso realizada hoje, 6 de janeiro, para certificar a vitória eleitoral de Joe Biden, desencadeando caos e violência sem precedentes no coração da democracia americana e acusações de que o presidente estava tentando um golpe. (Foto de ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)

Em artigo publicado na edição de 3/4/2025, a respeito do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escrevi o seguinte: “Se tudo der errado, ele vai aplicar as três ‘leis’ que, segundo a lenda, o acompanham desde o início da carreira: atacar sempre; negar tudo; nunca admitir derrotas. Algum desavisado, tipo Zambelli, vai pagar a conta”.

Na verdade, o bode expiatório de Trump não é bem uma Carla Zambelli (PL-SP), por dispor de mais apetrechos intelectuais, mas vai servir bem aos propósitos do presidente americano, quando a casa cair.

Trata-se de Jerome Powell, presidente do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed). Trump pressiona pela queda de juros, mas Powell já avisou que manterá as taxas no patamar que julgar adequado.

Mesmo sabendo não haver brechas para levar adiante o seu intento, Trump já ameaçou Powell com a demissão. E isso deve ser levado a sério: por um lado faz parte do show, por outro, ele pode decidir por realmente chutar a porta, pois a institucionalidade nunca representou freio para os candidatos a ditador.

O argumento de Trump é que, apesar da bagunça urdida por ele, com o tarifaço, a desaceleração da economia americana é responsabilidade de Powell, por se recusar a reduzir a taxa de juros.

Em entrevista à Folha de S.Paulo (23/4/2025), o diretor do Centro Hutchins de Política Fiscal e Monetária, David Wessel, diz que tudo é “teatro” por parte de Trump. Wessel trabalhou por 30 anos no Wall Street Journal, cobrindo o Fed. “Trump até gostaria de substituir Powell, mas seu real objetivo com os ataques é culpar o Fed pela recessão vista por analistas como cada vez mais provável nos EUA”.

Isso parece bem claro no comportamento de Trump, valendo para qualquer situação.

O que me parece escapar aos analistas é que Trump fomenta conscientemente a anarquia para surgir como um “salvador” do caos que ele mesmo criou, mas cuja culpa será paga por algum “inimigo da pátria” — uma pessoa ou um grupo social —, a ser sacrificado no altar do autoritarismo.

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