Logo O POVO+
No Congresso prevalecem interesses grupais
Foto de Plínio Bortolotti
clique para exibir bio do colunista

Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

No Congresso prevalecem interesses grupais

Enquanto isso, na CPI das "bets", o senador Cleitinho paga de fã para uma "influencer" — e o presidente da Comissão pede para que os colegas não transformem a sessão em "circo"
Virgínia Fonseca depõe na CPI das bets no Senado (Foto: Reporudção / TV Senado)
Foto: Reporudção / TV Senado Virgínia Fonseca depõe na CPI das bets no Senado

Em artigo anterior, critiquei a decisão da Câmara em aumentar o número de deputados de 513 para 531.

Escrevi que o corporativismo do Congresso, legislando em causa própria, oferece excelente argumento para a extrema direita atacar as instituições — e fiz um apelo aos nossos excelentíssimos representantes: “Senhores políticos, por favor, nos ajudem a defender a política”.

Porém, a situação vai de mal a pior. Pelo que se observa, entre a maioria dos parlamentares, prevalece o seguinte entendimento: “Mateus, primeiro os teus (deles)”.

Os problemas urgentes do país são negligenciados, em favor de discussões inúteis, girando em falso em temas que interessam somente a grupos específicos. Mas com poder suficiente para impor pautas de seu interesse, como a movimentação pela anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023, para beneficiar, por tabela, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Foi assim também quando a Câmara abriu mais 18 vagas para deputados federais — continua assim sendo, na tentativa de salvar colegas do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda que eles tenham praticado crimes graves, como tentativa de golpe de Estado, conforme denúncia da Procuradoria Geral da Justiça.

É o caso do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), cuja suspensão do processo foi aprovada por mais de 300 deputados. Se a marmota vingar, haverá um "liberou geral" para todos os parlamentares.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), procura evitar confrontos com o STF, mas desta vez preferiu manifestar-se claramente dizendo que a decisão dos parlamentares precisa ser respeitada.

Há mais de dois mil projetos prontos para votação, segundo levantamento do Uol, esperando que os deputados se lembrem para qual propósito foram eleitos. Entre os processos esperando na fila estão a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ mil, que vai beneficiar cerca de 10 milhões de brasileiros, e a regulamentação das redes sociais, uma necessidade urgente. Certamente os parlamentares têm coisas mais importantes para fazer.

Enquanto isso, na CPI das “bets”, o senador Cleitinho (Republicanos-MG) paga de fã para uma “influencer” — e o presidente da Comissão pede para que os colegas não transformem a sessão em “circo”. É ele quem está dizendo.

Foto do Plínio Bortolotti

Fatos e personagens. Desconstruindo a política. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?