Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
São caras que vestem, com orgulho, o boné MAGA, autorizando, portanto, à atualização do lema da turma, que fica melhor assim: "Estados Unidos acima de tudo, Trump acima de todos
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Davi Alcolumbre, presidente do Senado
Que tipo de gente abraça a má causa de uma potência estrangeira em prejuízo dos interesses do próprio país, a não ser patrioteiros desqualificados?
Alguns analistas conjecturam que defender a política de Trump, em detrimento do povo brasileiro, pode custar caro aos bolsonaristas, pois provocaria uma união em torno da defesa da soberania brasileira. Eu não apostaria todas as minhas fichas nessa hipótese.
O exemplo recorrente é o Canadá, país que Donald Trump propôs “anexar” aos Estados Unidos. O Partido Liberal no governo, em baixa a ponto de perder as eleições, obteve uma ascensão fulminante ao fazer duras críticas a Trump, defendendo firmemente a soberania do país.
O Partido conservador, que liderava com folga, antes da intervenção de Trump, sofreu uma derrota tão grande, que fez o líder do Partido Conservador, de oposição, perder sua cadeira no parlamento.
Mas o Canadá não serve de parâmetro ao Brasil, onde parte significativa da população adere fanaticamente à política de extrema direita comandada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
São caras que vestem, com orgulho, o boné MAGA, autorizando, portanto, à atualização do lema da turma, que fica melhor assim: “Estados Unidos acima de tudo, Trump acima de todos”.
Em alguns países, como Alemanha e França, por exemplo, quando há uma ameaça da extrema direita, forma-se uma unidade entre a direita democrática e a esquerda para derrotar o extremismo.
No Brasil, a direita, tipo Centrão (que se diz democrática), fica em cima do muro, pronta para pular no lado vitorioso. Mesmo quando o vencedor é a extrema direita, que pisoteia os valores da democracia. Vide o governo Bolsonaro, onde estavam empoleirados.
É até possível que os ataques de Trump causem algum impacto, levando muita gente a entender a necessidade de defender a soberania brasileira. Mas não ao ponto de sensibilizar os seguidores fanáticos de Bolsonaro, dispostos a pular em um precipício (tipo 8 de janeiro), caso o “duce” ordene.
Até quando finalizei essas mal-traçadas, às 13h30min no dia seguinte à emissão da carta de Trump, nem os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Replicanos-PB) nem do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) haviam se manifestado sobre o ataque à soberania brasileira.
Sintomático, não?
Enquanto isso, os patriotas de fancaria continuam sua tarefa de defender, dentro de seu próprio País, os interesses de um governo estrangeito
Reza a lenda, que na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), um general franquista cercou Madri, sede do governo republicano, com quatro colunas militares. Um oficial disse ao general que não seria possível tomar a cidade com quatro colunas de soldados. O general respondeu: “A quinta-coluna está lá dentro”, referindo-se aos traidores da democracia.
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