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Cid Gomes desenha o descaminho das emendas
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Cid Gomes desenha o descaminho das emendas

"Um prefeito me falou de cinco deputados federais dos quais ele comprou emenda, mediante 10, 12, 13,14, 15 por cento (de suborno)"
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 16-07-2025: Senador Cid Gomes condece coletiva de imprensa sobre caso de deputado Júnior Mano. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo) (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 16-07-2025: Senador Cid Gomes condece coletiva de imprensa sobre caso de deputado Júnior Mano. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

O senador Cid Gomes (PSB) defendeu seu correligionário, o deputado federal Júnior Mano (PSB), investigado pela Polícia Federal por suposto desvio de emendas parlamentares em pelo menos 50 cidades do interior do Ceará.

Em resumo, Cid afirmou que confia no deputado, criticou a Polícia Federal e disse que a acusação não se sustenta.

Mas o que chama a atenção é que, com o intento de afastar qualquer suspeita do seu aliado, ele desenhou o mecanismo de desvio de dinheiro público, ou pelo menos um dos meios do descaminho, como se a explicação depusesse a favor de Júnior Mano.

Para o melhor entendimento é preciso lembrar que, segundo foi divulgado, pessoas ligadas ao deputado Júnior Mano cobrariam 12% de “pedágio” das prefeituras sobre o valor das emendas. Além disso, o grupo teria utilizado parte dos recursos desviados para financiar campanhas eleitorais no ano passado.


Vejam o que Cid disse:

Não é razoável que uma pessoa, que mande dinheiro (das emendas) para uma cidade, tenha o compromisso de voto e ainda receba comissão (pela liberação do recurso).

Tem muitos, e eu não vou citar nomes, isso rola boca miúda. Eu converso com muita gente e anteontem, por exemplo, um prefeito me falou de cinco deputados federais dos quais ele comprou emenda, mediante 10, 12, 13,14, 15 por cento (de suborno).

Quem faz isso, quem quer objetivo financeiro, não tem voto. Ou você acha que o cara (o prefeito) vai dar o dinheiro (da propina) e ainda vai dar os votos? É uma coisa ou outra: ou ele dá o dinheiro (do “pedágio”) e está desobrigado (de dar o voto).

Eu estou falando uma coisa lamentável, mas repito. Qualquer pessoa (...) se quiser conversar com dois ou três prefeitos, certamente em segredo, né?, preservando o nome, (os prefeitos) vão dizer que isso acontece.

Brincam até em relação ao deputado, se ele é "republicano", mas não é porque ele é "10" (o número do partido), é porque a comissão dele é de 10%. O deputado tal é MDB, não porque é filiado ao partido do Movimento Democrático Brasileiro, não. É porque ele pede 15% de comissão. Procurem ver. (fim da declaração)

Duas coisas

1. Como um senador da República, Cid não teria a obrigação de divulgar o que sabe sobre o assunto, dando nome aos bois?
2. Emendas parlamentares viraram sinônimo de corrupção, parece difícil separar uma coisa de outra. Se os presidentes Hugo Motta (Câmara dos Deputados) e Davi Alcolumbre (Senado) quisessem entrar para a história, eles apresentariam uma proposta para acabar com as emendas. Porém, duvido.

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