Logo O POVO+
Rio: a insistência no erro resulta em tragédias
Foto de Plínio Bortolotti
clique para exibir bio do colunista

Plínio Bortolotti integra o Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Rio: a insistência no erro resulta em tragédias

O único projeto que apontava para a direção certa para afastar a bandidagem das comunidades do Rio chamava-se Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)
Policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)
do Rio de Janeiro
Tomaz Silva/ABr (Foto: Tomaz Silva)
Foto: Tomaz Silva Policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro Tomaz Silva/ABr

Nenhuma lógica será capaz de explicar por que alguém, conhecendo os péssimos resultados de determinada ação, continue a realizá-la com tal frequência que faz elevar seus efeitos negativos ao nível da catástrofe.

Contam-se às centenas as operações policiais realizadas em favelas por diversos governadores do Rio, cujo único resultado é deixar para trás um rastro de sofrimento e mortes nas comunidades, sem que a essência do problema seja tocada.

Considerando apenas de alguns anos para cá, o Instituto Fogo Cruzado listou os casos mais impactantes que resultaram em grande número de mortes provocadas por ações policiais em favelas do Rio de Janeiro.

Maio de 2021: Jacarezinho (27 civis mortos).

Maio de 2022: Complexo da Penha (23 mortos).

Julho de 2022: Complexo do Alemão (16 mortos).

Março de 2023: Salgueiro (13 mortos).

Agora, com essa operação iniciada na terça-feira nos complexos do Alemão e da Penha, o massacre supera a casa de centena de mortos. Mesmo assim, o governador do Rio, Cláudio de Castro, considera que a ação foi “um sucesso”, afirmando que reconhece como vítimas apenas os quatro policiais mortos.

Sem julgamento, ele condena mais de uma centena de vítimas civis, em linha com a política de morte, típica da extrema direita. Castro não hesita em tripudiar sobre os mortos, esperando que isso lhe renda alguns míseros e ensanguentados votos para eleger seu sucessor.

Para os moradores das comunidades, nenhum benefício. A eles resta chorar seus mortos — e continuar a vida sob o governo paralelo das organizações criminosas, despidos de qualquer assistência do Estado e dos direitos garantidos às bolhas privilegiadas.

Mas não se sabe até quando esse segmento estará a salvo, pois o terror das organizações criminosas bate às portas das classes médias, com 26% da população brasileira impactada pelas facções, por cima e por baixo das cercas elétricas. (Pesquisa da Cambridge University Press.)

O único projeto que apontava para a direção certa para afastar a bandidagem das comunidades do Rio chamava-se Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Talvez por isso mesmo tenha sido desmontado. Seria essa a lógica?

Foto do Plínio Bortolotti

Fatos e personagens. Desconstruindo a política. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?