Plínio Bortolotti integra o Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
O único projeto que apontava para a direção certa para afastar a bandidagem das comunidades do Rio chamava-se Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)
Foto: Tomaz Silva
Policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)
do Rio de Janeiro
Tomaz Silva/ABr
Nenhuma lógica será capaz de explicar por que alguém, conhecendo os péssimos resultados de determinada ação, continue a realizá-la com tal frequência que faz elevar seus efeitos negativos ao nível da catástrofe.
Contam-se às centenas as operações policiais realizadas em favelas por diversos governadores do Rio, cujo único resultado é deixar para trás um rastro de sofrimento e mortes nas comunidades, sem que a essência do problema seja tocada.
Considerando apenas de alguns anos para cá, o Instituto Fogo Cruzado listou os casos mais impactantes que resultaram em grande número de mortes provocadas por ações policiais em favelas do Rio de Janeiro.
Agora, com essa operação iniciada na terça-feira nos complexos do Alemão e da Penha, o massacre supera a casa de centena de mortos. Mesmo assim, o governador do Rio, Cláudio de Castro, considera que a ação foi “um sucesso”, afirmando que reconhece como vítimas apenas os quatro policiais mortos.
Sem julgamento, ele condena mais de uma centena de vítimas civis, em linha com a política de morte, típica da extrema direita. Castro não hesita em tripudiar sobre os mortos, esperando que isso lhe renda alguns míseros e ensanguentados votos para eleger seu sucessor.
Para os moradores das comunidades, nenhum benefício. A eles resta chorar seus mortos — e continuar a vida sob o governo paralelo das organizações criminosas, despidos de qualquer assistência do Estado e dos direitos garantidos às bolhas privilegiadas.
Mas não se sabe até quando esse segmento estará a salvo, pois o terror das organizações criminosas bate às portas das classes médias, com 26% da população brasileira impactada pelas facções, por cima e por baixo das cercas elétricas. (Pesquisa da Cambridge University Press.)
O único projeto que apontava para a direção certa para afastar a bandidagem das comunidades do Rio chamava-se Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Talvez por isso mesmo tenha sido desmontado. Seria essa a lógica?
Fatos e personagens. Desconstruindo a política. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.