
Rachel Gomes é jornalista, mãe da Serena e da Martina e produz podcasts de maternidade há cinco anos. Em 2022, deu início ao MamyCast, primeiro podcast de maternidade do Ceará, onde aborda pautas informativas sobre maternidade, gestação e infância
Rachel Gomes é jornalista, mãe da Serena e da Martina e produz podcasts de maternidade há cinco anos. Em 2022, deu início ao MamyCast, primeiro podcast de maternidade do Ceará, onde aborda pautas informativas sobre maternidade, gestação e infância
Primeiro, importante dizer que eu faço esse texto como uma forma de retratação, pela coluna que fiz tratando da primeira (e até então única) versão dos fatos envolvendo uma criança que queria sentar próximo à avó dela em um avião.
Por mais que possamos pensar que é uma situação que não merece mais repercussão do que já teve, eu vou explicar porque é importante sim fazermos algumas reflexões a partir do caso.
O vídeo foi publicado na última quarta-feira. Na noite do mesmo dia, quase todos os portais de notícias e páginas do Instagram (incluindo a minha) estavam repercutindo o caso com a seguinte narrativa: supostamente, uma mãe inconformada com uma mulher que se negou a ceder o assento ao filho dela teria filmado a cena e feito um barraco no avião.
Reconheço aqui que fiz a leitura que se tinha no momento, e o meu erro foi exatamente esse. Trabalhar com o que se tinha e não ter desconfiado do que poderia ter sido além.
Eu fui levada a fortalecer um discurso de que crianças não podem ter voz nem escolha, de “quem manda são os adultos”, por mais que eu não acredite nisso e defenda justamente o contrário. Mas eu acabei engrossando esse coro. E por isso peço desculpas.
A partir disso, criou-se um cenário onde se criticou com veemência a mãe (por ser “permissiva”) e a criança (por ser “birrenta). O cenário ideal para uma sociedade que já adora criticar esses dois lugares: mães e crianças.
Choveu de comentário enaltecendo a mulher que se recusou a “fazer as vontades” da criança: “diva, rainha, musa”, porque na verdade as pessoas que adoram criticar crianças se viram naquela mulher. Foi confortável para uma grande parte de pessoas colocar pra fora essa “raiva” de mães e crianças através desse episódio. Até aparecer a versão da mãe.
A mãe da criança não filmou a cena e nem fez escândalo para que cedessem o lugar ao filho dela. Ela já estava constrangida demais com o choro do filho dela no avião (sim, é terrível nos sentirmos julgadas por uma situação que era para ser vista com mais naturalidade e acolhimento).
Quem filmou foi outra mulher que tomou as dores da mãe de forma equivocada, criticando uma outra mulher que tinha sim o direito de permanecer onde estava no avião.
Pra concluir, temos algumas lições: a internet é um ambiente tóxico, e pode ser muito perigoso. Produzir conteúdo nessa rede é algo altamente complexo e requer maturidade. Vamos errar e algum momento, não tenha dúvidas. Haverá erros e é importante reconhecê-los publicamente sim, com toda humildade possível, como faço agora.
Segunda lição: crianças vão fazer birra porque não têm maturidade cerebral para compreender frustrações. Elas precisam ser acolhidas, assim como a família daquela criança. A mulher não precisava sair do lugar dela, mas deveria sim ter esclarecido desde o início como ocorreu a situação de fato, para não pesar nas costas da mãe, que só estava cansada e constrangida.
Uma terceira pessoa de fora não deveria ter filmado a cena, exposto pessoas, nem nada do tipo. Bastava ter ajudado a mãe a acalmar a criança dela. E tudo teria sido diferente.
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