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Por mais prosperidade para a Rede Cuca
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Renato Abê é jornalista, escritor e especialista em jornalismo cultural com pós-graduação em artes cênicas

Renato Abê arte e cultura

Por mais prosperidade para a Rede Cuca

A Rede Cuca merece mais do que sobreviver. Chega de só "resistir", as cinco unidades em funcionamento têm outros verbos para conjugar: expandir, fortalecer, investir, publicizar, experimentar
Fotos aéreas da piscina com água esverdeada do Cuca Mondubim (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Fotos aéreas da piscina com água esverdeada do Cuca Mondubim

Quando, em 2009, soube da inauguração do Cuca Barra, criei muita expectativa. Era meu último ano no Ensino Médio e, já focado em trabalhar com comunicação, me empolguei ao saber da oferta de curso voltado à produção de radiodocumentário.

Algum tempo depois, lá estava eu devidamente matriculado. Dois ônibus para ir e, dependendo do horário, três ônibus para voltar para casa, mas não perdia uma aula. No Cuca, fiz minhas primeiras entrevistas e pude confirmar meu desejo profissional pelo jornalismo.

Da Barra do Ceará, a Rede Cuca se espalhou, ganhou contornos ainda mais grandiosos. Acompanhei de perto, nas coberturas enquanto repórter do Vida&Arte, cada um desses movimentos e vibrei com as muitas histórias de jovens que, assim como eu, foram impactados diretamente por essa política pública transformadora.

Vi o crescimento da estrutura técnica, do corpo docente e da abertura às diferentes expressões culturais (do rap ao ballroom). Assisti também aos desafios de manutenção, aos cortes orçamentários, aos momentos políticos delicados e a muitos outros altos e baixos – inclusive sei também das alegações injustas de quem não se interessa em conhecer o trabalho de perto, mas tem discurso bem construído contra tudo o que a iniciativa representa.

Ontem li nestas páginas do O POVO, matéria sobre denúncia de sucateamento da Rede com alunos relatando “estrutura precária, falta de materiais e suspensão de atividades”, conforme apurou a repórter Lara Vieira. Segundo os jovens ouvidos na notícia, de dezembro para cá, justamente no período de mudança de gestão, os problemas se agravaram.

O fato é que nos últimos quatro anos (apesar do esforço de profissionais excelentes que continuaram lutando pelos Cucas), os equipamentos enfrentaram, sim, anos difíceis. As conquistas não pararam (vou citar só uma: o lançamento de antologia de quadrinhos do Cuca no maior evento de cultura pop do País), mas foram anos de resistência.

A Rede Cuca, porém, merece mais do que sobreviver. Uma nova gestão municipal se desenha, quatro novos anos pela frente para solucionar problemas. Chega de só “resistir”, as cinco unidades em funcionamento têm outros verbos para conjugar: expandir, fortalecer, investir, publicizar, experimentar.

Diante de uma cidade tão diretamente impactada pela violência urbana, temos prédios vistosos que comunicam a jovens em situação de vulnerabilidade outros rumos possíveis. É importante que essa janela aberta ao sonho siga escancarada. Há 15 anos, eu fui esse jovem que achou no Cuca aprendizados e confio que muitos outros redescobrirão ali caminhos.

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