
Renato Abê é jornalista, escritor e especialista em jornalismo cultural com pós-graduação em artes cênicas
Renato Abê é jornalista, escritor e especialista em jornalismo cultural com pós-graduação em artes cênicas
Extra, extra! O Festival de Teatro de Fortaleza está chegando e o recado direto que o título deste artigo traz é, na verdade, um convite imperdível: temos agora a chance de conferir gratuitamente a pluralidade das nossas artes cênicas. Entre os dias 31 de agosto e 12 de setembro, o evento se espalha pela Capital em diferentes palcos. Ao todo, 31 espetáculos serão apresentados.
E o melhor! Tem espaço para grupos consolidados (Mostra Fortaleza em Cena) e também para profissionais iniciantes no meio teatral (Mostra Novos e Outros Olhares), além da Mostra de Teatro para as Infâncias. A programação inclui ainda seminários, rodas de conversa, feira da economia criativa, lançamentos literários e muitos encontros.
Mais do que um evento, o festival é também uma chance para revisitarmos nossos palcos. Muito se fala sobre a ausência de circuitos teatrais consolidados na Cidade. As dificuldades são inúmeras, é fato, mas os profissionais das artes cênicas de Fortaleza são teimosos e essa insistência vem dando frutos.
A própria existência do 16º FTF, nesse formato tão rico e democrático, só é possível porque profissionais como William Mendonça – ator, diretor, gestor – e tantos outros talentos dos bastidores estão movimentando muitas frentes de trabalho. O teatro precisa desses insistentes e que bom que eles seguem acreditando.
Da mesma forma, as artes cênicas precisaram (mais uma vez e sempre) de Silvia Moura – coreógrafa, bailarina, performer – e a artista atendeu. Uma das maiores vozes do segmento na Cidade desde os anos 1970, Silvia assume a gestão dos Teatros São José e Antonieta Noronha. Os equipamentos geridos pela Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) estão tendo a condução de uma artista que entende as reais demandas da classe. Um acerto!
O teatro precisou também da Vanessia Gomes – atriz, diretora, professora – e prontamente ela escutou. Referência nacional em teatro de rua, a artista está à frente da gestão do Teatro Carlos Câmara, espaço gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM) em parceria com a Secretaria da Cultura do Ceará (Secult). O equipamento é desafiador, mas tem agora uma gestora que mapeia há décadas o funcionamento do nosso setor cultural.
E, claro, Willians Silvias e Vanessias não operam milagres. O teatro precisa também de políticas públicas contínuas com orçamentos assegurados. O talento e a vontade de fazer acontecer movem muito, mas são qualidades que precisam estar respaldadas por gestões bem articuladas – felizmente é o que vemos hoje.
Por fim, um reforço do convite: o teatro cearense precisa sobretudo do público. Por isso, vamos lá conferir as produções, fomentar o boca a boca na divulgação e seguir celebrando essa classe artística que, apesar dos pesares, está viva e a postos para momentos ainda mais frutíferos.
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