Rubens Rodrigues é jornalista, editor de Cidades do O POVO. Nesta coluna, trata de assuntos ligados a raça, diversidade e direitos humanos
Rubens Rodrigues é jornalista, editor de Cidades do O POVO. Nesta coluna, trata de assuntos ligados a raça, diversidade e direitos humanos
A travesti Safira Meneghel, de 39 anos, foi morta de forma violenta, a golpes de paus e pedras, no último dia 11. Crime foi no Conjunto Palmeiras, em Fortaleza. Neste sábado, 24, a Associação de Travestis e Mulheres Transexuais do Ceará (Atrac) realiza ato pedindo justiça pela morte de Safira.
Caso lembra o de Dandara dos Santos, torturada e morta por pelo menos dez pessoas, em fevereiro de 2017.
O Ato Justiça por Safira ocorre na Praça do Ferreira, a partir das 9 horas, com participação de movimentos sociais e organizações da sociedade civil. Em nota, a Atrac destaca que "é uma obrigação da sociedade refletir sobre as violências que praticam contra travestis e mulheres transexuais".
Fazem parte da realização entidades como a Associação Transmasculina do Ceará (Atransce), o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades - Coordenação Estadual no Ceará (Ibrat Ceará), a ONG Mães da Resistência, a Aliança Nacional LGBTI+, a União de Negros e Negras pela Igualdade (unegro), entre outros.
Safira foi dada como desaparecida pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) no último dia 10, um dia antes de sua morte, com caso sendo investigado pela 3ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A vítima era conhecida no bairro por abordar pessoas pedindo ajuda. Conforme O POVO noticiou no último dia 13, pessoas que conheceram Safira afirmaram que ela não era envolvida com crimes e que "sequer tinha antecedentes criminais".
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A coluna procurou Atrac para comentar o chamado Ato de Revolta, como está sendo tratada o movimento.
Em nota, a coordenação da Associação destaca a importância de provocar reflexões na sociedade sobre mortes com precendentes, "como as piadinhas, o bullying na escola, a expulsão de casa, os discursos religiosos que demonizam, as portas do mercado de trabalho fechadas para essas pessoas terem um trabalho digno, e também a falta de afetos nas relações".
"Tudo isso prepara o cenário de vulnerabilidade e eleva as chances dessas pessoas serem vítimas de violências", fala a coordenação da Atrac. Para a Asssociação de Travestis e Mulheres Transexuais do Ceará, o ato não pede apenas respostas do Poder Público, mas respeito e humanidade da sociedade.
O Ibrat Ceará também repudiou o ato brutal de violência e transfobia sofrida por Safira Meneguel.
"Sofremos a violência institucional nos âmbitos da família heteronormativa porque ficamos em casa e sofremos tentativas de reversões da nossa familia, ou vamos para o mundo, sem propriedades, somente a mente e o corpo. Nós estamos nesse lugar. Nós olhamos desse lugar", manifesta a Coordenação Estadual do Ibrat.
Coordenação da Associação de Travestis e Mulheres Transexuais do Ceará (Atrac):
"A importância desse ato é provocar reflexões na sociedade sobre os assassinatos desumanos contra pessoas travestis e transexuais. Essas mortes não ocorrem do nada! Elas têm precedentes, como as piadinhas, o bullying na escola, a expulsão de casa, os discursos religiosos que demonizam, as portas do mercado de trabalho fechadas para essas pessoas terem um trabalho digno, e também a falta de afetos nas relações. Tudo isso prepara o cenário de vulnerabilidade e eleva as chances dessas pessoas serem vítimas de violências. Nós queremos não apenas respostas do Poder Público, através da Segurança Pública e da Polícia, mas que a sociedade possa pensar de maneira diferente, e tratar travestis e transexuais com mais respeito e humanidade! Pois não adianta políticas públicas se as pessoas não quiserem mudar suas atitudes."
Coordenação do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades do Ceará (Ibrat):
"Nós do Ibrat - Ceará, movimento social de transmasculinos e homens trans repudiamos o ato brutal de violência e transfobia sofrida por Safira Meneguel na última semana, resultado na sua morte. Viemos para dizer que queremos justiça. Estamos aqui também para dizer que nós, enquanto movimento, estamos aqui, presentes na sociedade, às vezes manifestos, às vezes escondidos. Sofremos a violência institucional nos âmbitos da família heteronormativa, porque os ficamos em casa e sofremos tentativas de reversões da nossa familia, ou vamos para o mundo, sem propriedades, somente a mente e o corpo. Nós estamos nesse lugar. Nós olhamos desse lugar.
Nossas reinvidicações são:
Neste sábado, 24, às 9 horas, na Praça do Ferreira
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