"Daddy issues": pais, filhas, relações, sexo e um mundo de referências
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Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do jornal O Povo há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade.
Você é uma pessoa com “daddy issues?”. Em tradução livre, significa “problemas com o papai”, termo em inglês utilizado atualmente nas redes sociais para fazer referência a relações paternas complicadas que podem refletir nas escolhas futuras de algumas mulheres. Descobri o termo depois da cena entre José Inocêncio e Mariana, na novela Renascer. Ver uma menina de 20 e poucos anos transar com um homem de sessenta e poucos, o chamando de “painho”, causou um sentimento confuso e curiosidade.
A referência, já famosa na internet, quer retratar uma busca por necessidades emocionais que não foram supridas na relação paterna, fosse pela ausência propriamente dita - no Brasil, 11 milhões de mulheres criam filhos sozinhas - ou pela presença disfuncional - não faltam histórias de pais que não cuidaram, não valorizaram, sequer conversaram. E mesmo assim, por tanto tempo escutamos, até brincamos, que todos os traumas “são culpa da mãe”.
As várias repercussões psicológicas da complicação relacional entre filhos, filhas e pais, podem reproduzir diferentes atitudes, de violência doméstica à superproteção. E no que diz respeito à escolha de parceiros para a vida amorosa e sexual, as pessoas que se enquadram na categoria “daddy issues” estariam mais propensas a fazer escolhas erradas. Ou não propriamente erradas, mas buscando suprir necessidades emocionais.
Nos tantos perfis X e Tik Tok por onde passei - lembro, a questão de “daddy issues” ainda não ocupa as revistas científicas - os relatos que explicam o termo são os mesmos: mulheres heterossexuais que tiveram uma relação paterna complicada e que agora vivem reféns dessa necessidade de apego. Insegurança, dependência, contentar-se com menos e, mais uma vez, a ideia social de que homens mais velhos são mais seguros, experientes e maduros. Não são.
A questão sexual também entra nas referências relacionais sobre homens mais velhos e mulheres mais novas. Há outras categorias além de “daddy issues”: “DILF” (sigla em inglês que quer dizer pais com os quais você quer ter sexo) e a mais conhecida, o “sugar daddy”, que seriam homens que “sustentam” mulheres mais novas com as quais têm relação.
Um universo que parece demandar muita terapia, ressignificações e a mudança da concepção de que homens mais velhos são atraentes e mulheres, não. A cena de “painho” talvez me incomodou porque, infelizmente, ainda vemos mulheres se encantarem com um mundo maduro que, em muitos casos, pode significar domínio, abuso e machismo.
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