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Política no Brasil: Janaína está no lugar certo
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Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do jornal O Povo há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade.

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Política no Brasil: Janaína está no lugar certo

Ciro Gomes agrediu a senadora e, mais uma vez, a capacidade política de uma mulher é colocada em xeque por um homem
Tipo Opinião
SENADORA Janaína Farias em seu discurso de posse (Foto: Alessandro Dantas/PT no Senado)
Foto: Alessandro Dantas/PT no Senado SENADORA Janaína Farias em seu discurso de posse

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No Senado Federal, das 80 vagas, apenas 15 são ocupadas por mulheres. A mais recente a assumir uma dessas vagas, a senadora cearense Janaína Farias (PT), foi alvo de mais um ataque misógino no contexto político brasileiro. Sem nenhum pudor, um ex-governador, ex-ministro, ex-deputado e ex-prefeito cearense resumiu a parlamentar à “assessora de assuntos de cama”, questionando o que justificaria sua presença na Casa Legislativa.

Tentando ao máximo não continuar reproduzindo as falas machistas, preconceituosas, agressivas e descabidas de um ex-candidato à presidência do Brasil, apenas explico: Ciro Gomes afirmou que Janaína negociava o harém do ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT).

Em seu discurso de posse, no dia 2 de abril, Janaína se emocionou ao lembrar da infância humilde em Crateús, no interior do Ceará. Disse ainda que buscará mais recursos para quem está na ponta, com foco nos serviços essenciais. Com 49 anos, é formada em Turismo e foi assessora e secretária de Relações Institucionais do Governo do Ceará por oito anos. No Ministério da Educação (MEC), foi secretária de Gestão da Informação e Inovação.

A fala de Ciro Gomes não é surpresa. O ex-político já foi manchete de jornal com falas polêmicas, ataques e xingamentos. Mas se o alvo for uma mulher - mesmo que todos saibam que a mágoa política é com Camilo - parece ser mais fácil atacar. Isso porque ainda é permitido que um homem, político, branco, de meia idade, rico, fale o que quer e coloque em xeque, mais uma vez, a capacidade de trabalho e atuação política de uma mulher apenas pelo fato de ela ser mulher.

Quantos herdeiros políticos Ciro fez? A começar pela família… por que cargas d’água ele acha que apenas seu clã, ou o de Tasso Jereissati, ou de Mauro Benevides podem ter acesso às cadeiras do Senado Federal? Quantos questionamentos são feitos quando homens como esses apoiam outros homens como eles, mesmo sendo apenas nomes em pastas e rostos de papagaio de pirata nas aparições públicas?

O Brasil precisa cada vez mais de representantes de diferentes gêneros, classes, perfis, raças, bairros, gostos, condições, em todos os espaços de poder e tomada de decisão. Única forma de conseguirmos fazer valer o sistema democrático-político que por tanto tempo pagou o salário de Ciro e tantos outros homens e mulheres que fizeram pela política brasileira.

É inadmissível que senadoras, prefeitas, deputadas, vice-governadoras continuem sendo vítimas de misoginia sem que algo mude ou que alguém seja punido pelo que diz. O desprezo que Ciro tem pelas mulheres, também já sentido por muitas jornalistas cearenses que o entrevistaram, mostra um cenário político extremamente desafiador e que precisa cada vez de mais e mais mulheres. Janaína está no lugar certo.

 

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