Juíza derruba Resolução que impedia aborto legal em casos de estupro
Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do jornal O Povo há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade.
Juíza derruba Resolução que impedia aborto legal em casos de estupro
CFM impedia o aborto legal a partir da 22ª semana, em casos de estupro. Norma está distante da realidade brasileira onde meninas engravidam sem sequer saber que menstruaram
Após a Resolução, diferentes entidades representativas da Saúde se posicionaram contra a restrição, que acaba com um dos poucos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. A decisão liminar que suspende a Resolução foi motivada por ação civil pública que o Ministério Público Federal (MPF), a Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) e o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) ajuizaram contra o CFM.
“A lei que rege o CFM, assim como a lei do ato médico, não outorgaram ao Conselho Federal a competência para criar restrição ao aborto em caso de estupro”, escreveu a juíza Paula Weber Rosito, da Justiça Federal de Porto Alegre. Ela citou ainda que quatro mulheres estupradas não conseguiram realizar o procedimento após a entrada em vigor da Resolução.
Para o CFM, passadas as 22 semanas de gestação, deve-se preservar o direito à interrupção da gravidez e o direito do nascituro à vida, com aplicação de leis de proteção e tutela por parte do Estado brasileiro para garantir que não haja “contato indesejado”.
Na realidade, o que a autarquia que fiscaliza e normatiza a prática médica no País fez foi criminalizar, mais uma vez, as vítimas de estupro, num País onde eles acontecem a cada oito minutos, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O CFM considera valores - e valores conservadores - expondo a riscos mulheres e, principalmente, meninas.
E, para além de todas as questões dos direitos aos corpos femininos, dos direitos sexuais e reprodutivos, trago aqui realidades que me fazem refletir como a atuação do Conselho Federal de Medicina se distancia da realidade, na qual milhares de meninas são vítimas de estupro diariamente, dentro de suas próprias casas.
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