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Paquera virtual e as tantas interpretações do foguinho
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Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do jornal O Povo há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade.

Sara Oliveira comportamento

Paquera virtual e as tantas interpretações do foguinho

Não é apenas o fogo referente à quentura que se sente quando se está perto de alguém pelo qual sentimos algo diferente do usual
Tipo Opinião
Ícone de coração - redes sociais (Foto: Pixbay)
Foto: Pixbay Ícone de coração - redes sociais

O mundo inteiro está mais na tela, fazendo e sendo das formas mais diferentes possíveis. E isso inclui as relações sexuais e amorosas. Pessoas de todo o mundo têm na internet uma oportunidade de encontrar uma companhia, para a vida ou para a noite. As novas gerações já estão acostumadas à paquera virtual, com seus foguinhos e infinitas possibilidades de interpretação.

Não é apenas o fogo referente à quentura que se sente quando se está perto de alguém pelo qual sentimos algo diferente do usual. Não é só “pronto, este foguinho quer dizer que ele (a) está a fim”, não. Nem é algo propriamente que defina se “somos conversantes”. Sim, existe essa antes de ter a fase “somos ficantes”. E o tal foguinho pode não dizer nada disso. Ou pode dizer tudo isso e muito mais.

Há estudos que comprovam que as relações acontecem mais e mais em ambientes virtuais. A pandemia então fez isso se fortalecer de forma intensa e rápida. Histórias de jovens no auge dos seus 20 e poucos anos que preferem curtir uma noite de games virtuais com seus respectivos pares são cada vez mais comuns. “Amizades” feitas com chatbots também já são realidade.

Aos desavisados, há guias na internet para orientar se o tal foguinho indica que “você é incrível”, ou se “hoje a noite vai ter”, se “você é uma gata (o)”, ou  apenas “que calor é esse”... tem também dicionário de emoji, e nele tem dizendo que foguinho é “usado para significar que algo é legal, incrível, emocionante ou, mais coloquialmente, «pegando fogo». Também pode transmitir que alguém é sexy (ou seja, quente) ou referir-se a outros fogos metafóricos”.

Olhar no olho, sentir o cheiro e se achegar, de forma meio desconcertada, mas com boas intenções, não tem sido mais um dos modus operandi preferidos de quem paquera. O que é paquera, na verdade? É adicionar ao Instagram, curtir X vezes, comentar no feed, estar entre os melhores amigos nos stories, trocar foguinhos, fazer ou receber comentários enigmáticos?

No fim, acho que é aquilo que queremos que seja. Cada geração tem mesmo suas novas formas de viver, o que inclui profissão, sociabilidade e relacionamentos amorosos. E a liberdade, que precisa ser sempre prioridade. Dito isso, acrescento que tive mais esperança no mundo da paquera ao lembrar de uma matéria sobre o Enem 2023, em que candidatos aproveitaram o dia da prova, em que os celulares eram confiscados, para paquerarem pessoalmente. Depois, eles conferiram o nome na lista de presença e procuravam o escolhido pelo Instagram.

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