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Ser professor: sim ou não?
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Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ. É mestre em Educação (UFC), doutora em Filosofia e História da Educação (PUC/SP) e tem Pós-Doutorado pela Universidad Nacional de Educacion a Distancia (UNEd), Espanha. Sua trajetória acadêmica registra 84 artigos, 133 capítulos de livros, livros e/ou organização de livros e 70 orientações (Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado)

Ser professor: sim ou não?

.A imagem positiva da sociedade, por sua vez, é a pedra de toque para que pessoas competentes e comprometidas queiram ser professores
Tipo Opinião
Alunos em sala de aula do curso de Enfermagem da Escola Estadual de Educação Profissional Paulo Petrola (Foto: Fabio Lima/O Povo)
Foto: Fabio Lima/O Povo Alunos em sala de aula do curso de Enfermagem da Escola Estadual de Educação Profissional Paulo Petrola

Aproximando-se o Dia do Professor é oportuno refletir sobre o complexo desafio do exercício desta profissão. Vamos lá... Em todo o mundo os docentes representam um elevado contingente do serviço e do orçamento público. Embora sejam muitos, em poucos países seus salários são semelhantes ao de profissionais com qualificação similar. Por isso mesmo, hoje o magistério é profissão de pouca atratividade. Baixos salários, sobrecarga de trabalho e falta de reconhecimento social são elementos de uma desvalorização que provoca uma crise no próprio recrutamento de docentes.

Há uma grave escassez global de professores. A Unesco estima que até o ano de 2030 serão necessários 44 milhões de novos docentes para repor os profissionais da educação básica que abandonaram o magistério ou se aposentaram.

Sendo este o panorama mundial, o que dizer do Brasil? A situação é semelhante a outros contextos e tem especificidades. Somam-se aos fatores já referidos o agravamento das condições de trabalho, sobretudo em territórios de maior vulnerabilidade social e econômica, ameaçados pelo crime organizado. O antes protegido espaço da escola hoje está em risco...

Outro agravante da crise do magistério é o aumento de contratações provisórias, criando muros invisíveis entre duas categorias de professores - os efetivos e os temporários, cujos direitos raramente são os mesmos. Estudos mostram que o quantitativo de temporários tem aumentado significativamente nos últimos anos e hoje, já representa a maioria do corpo docente da educação básica. Muitos estados e municípios estão encontrando nessa estratégia uma forma de driblar compromissos previdenciários acarretados pela "Lei do Piso" (Lei nº 11.738/2008).

A despeito de todas as dificuldades, contribuir para formar cidadãos e cidadãs permanece sendo o sonho de homens e mulheres que abraçam o magistério. Para que mais jovens digam "sim" são necessárias e urgentes políticas públicas que reconheçam e valorizem a profissão. A imagem positiva da sociedade, por sua vez, é a pedra de toque para que pessoas competentes e comprometidas queiram ser professores.


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