Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ. É mestre em Educação (UFC), doutora em Filosofia e História da Educação (PUC/SP) e tem Pós-Doutorado pela Universidad Nacional de Educacion a Distancia (UNEd), Espanha. Sua trajetória acadêmica registra 84 artigos, 133 capítulos de livros, livros e/ou organização de livros e 70 orientações (Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado)
Foto: Reprodução/Sotheby's
Violino Stradivarius é vendido US$ 11,3 milhões nos Estados Unidos
Era uma vez um violino que viajou por muitos lugares devido às constantes mudanças da família de um oficial do Exército. Quando menino, o Pai havia estudado o instrumento que, então, fazia parte da educação musical de crianças. Aos nove anos, as aulas cessaram. O aspirante a violinista foi matriculado no Colégio Militar de Fortaleza, onde a instrução militar prevalecia. Adulto, vez por outra, ele evocava com certa melancolia suas lembranças de tocar: "Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim" ... O violino silencioso permaneceu na família.
Nenhum dos filhos expressou qualquer vocação musical. A mãe até que tentou, introduzindo as crianças a sessões de piano e acordeom. Apesar do esforço, não funcionou.
Para encurtar uma história longa, o violino bolou por aí uma vida. Quando o Pai faleceu aos 101 anos e sua casa foi desfeita, o violino foi achado quebrado, sem cordas e com o arco em pedaços. Os filhos decidiram que quem herdaria o instrumento seria a filha caçula por ter uma neta que começou a aprender violino muito pequena. Entre optar por fazer do violino um enfeite ou devolver-lhe vida, a decisão dela foi por tentar restaurar.
Depois de muito perguntar por Fortaleza e muita gente se envolver na procura, foi localizado um luthier, em Aquiraz, segundo as indicações, o único capaz de restaurar o violino sem vida. Depois de idas e vindas, a opinião predominante era de que o esforço financeiro e de tempo de restauro (4-5 meses) talvez não compensasse. Mas, convencida do contrário, a filha mais nova optou por um ato de preservação da memória do Pai e de aposta no futuro.
O processo de restauro é lento e meticuloso. O luthier se revelou a pessoa certa na hora certa. Passados meses de trabalho incansável, eis que o violino foi transmutado em presente de Natal para a neta aprendiz de violino, hoje com oito anos. Se ela vai, ou não, praticar no instrumento do bisavô, ainda é cedo para afirmar. Certo é que recuperar o velho violino comoveu a família. Se nossos amores se vão, de algum modo, o legado das coisas que ficam é um talismã para os dias que virão. Feliz Ano Novo!
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