
Vertical é a coluna de notas e informações exclusivas do O POVO sobre Política, Economia e Cidades. É editada pelo jornalista Carlos Mazza
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As candidaturas femininas representam apenas 19% do total de postulantes às prefeituras dos 184 municípios cearenses. No total, 92 mulheres estarão concorrendo ao cargo majoritário no pleito de 2024. O levantamento da coluna tem como base os dados do site DivulgaCand e levou em consideração apenas as candidaturas que aparecem na situação de “concorrendo”, desconsiderando aqueles que estão inaptos.
Como mostrou matéria do repórter Vitor Magalhães, do O POVO, seis cidades cearenses têm apenas mulheres concorrendo ao cargo de chefe do executivo municipal, são elas: Alcântaras, Altaneira, Icó, Limoeiro do Norte, Paraipaba e Redenção. Em outras 73 há pelo menos uma candidata na disputa. Enquanto em outras 105 apenas homens concorrem ao cargo de prefeito.
Apesar de baixo, o número representa um pequeno avanço em relação a 2020, quando as candidaturas femininas ao cargo majoritário representavam 14% do total, com 79 mulheres concorrendo às prefeituras. Há quatro anos, 30 mulheres foram eleitas prefeitas, ou seja, 16% das cidades cearenses foram comandadas, sem considerar processos de cassação e renúncia, por mulheres.
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) do senador Cid Gomes é o partido que mais lançou candidatas na eleição deste ano, 21 no total. Em seguida aparece o Partido dos Trabalhadores (PT) com 17, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) com 10, o Partido Social Democrático (PSD) com 9 e Progressistas e Republicanos com 8 cada.
Os números refletem a dominância partidária existente no cenário atual do Estado. O PSB é o partido com mais prefeituras no Ceará após migração em massa depois que Cid Gomes foi para o partido. O PT é o partido do governador do Estado, Elmano de Freitas e de lideranças importantes no cenário estadual, como o ministro Camilo Santana e o presidente Lula.
Os demais partidos também têm forte presença no cenário cearense, o MDB é comandado pelo deputado federal e ex-senador Eunício Oliveira, enquanto o PSD tem como liderança maior o ex-vice-governador Domingos Filho. O PP conta com a influência do deputado estadual licenciado Zezinho Albuquerque e do deputado federal AJ Albuquerque, enquanto o Republicanos tem a frente o ex-senador Chiquinho Feitosa.
Ou seja, esse cenário vai variar de acordo com cada dinâmica estadual, no Brasil, por exemplo, os partidos com mais candidaturas femininas são: MDB, PP, PSD, União Brasil e PL.
Em agosto, uma reportagem do O POVO assinada por Wanderson Trindade e Alexandre Cajazeira mostrou que as mulheres também são minoria nas disputas às Câmaras Municipais cearenses. Das 12.034 candidaturas, 64% são homens e 36% mulheres. Em 2012, há 12 anos, esse número era de 69% a 31%, um avanço quase que ínfimo.
Mesmo com a atualização da lei, que desde 2020 obriga os partidos a lançarem pelo menos 30% de candidatas mulheres em disputas às casas legislativas e destinar esse mesmo percentual em recursos do fundo eleitoral para elas, o número segue “estagnado”. Com os partidos normalmente atendendo apenas ao mínimo determinado por lei. Para cargos majoritários, como prefeito e governador, não há nenhum dispositivo que obrigue um número mínimo de candidatas.
Após 12 anos e pela quarta vez desde 1985, após o fim da Ditadura Militar, Fortaleza não tem candidatura feminina. Com nove homens na disputa, a eleição na Capital se tornou um dos principais pontos da reflexão sobre a representatividade feminina. Cindy Carvalho (Rede) e Luizianne Lins (PT), até tentaram estar na disputa, mas em decisões internas partidárias foram preteridas por Técio Nunes (Psol) e Evandro Leitão (PT), respectivamente.
Além de 2024, a população cearense não teve a oportunidade de eleger uma mulher para a Prefeitura em outras três oportunidades: 1988, 1992 e 2012. Fortaleza chegou a ser pioneira em 1985, quando, junto com São Luís, elegeu a primeira mulher prefeita em uma capital, a então petista Maria Luiza Fontenele. Além de Maria Luiza, Moema São Thiago também participou daquele pleito.
Após duas eleições sem candidatas femininas, em 1996 os fortalezenses voltaram a ter a chance de votar em uma mulher. Socorro França disputou a eleição daquele ano pelo PSDB e ficou na terceira colocação, atrás de Inácio Arruda e do eleito Juraci Magalhães.
Quatro anos depois Patrícia Saboya tentou o cargo no chefe do executivo municipal, ficou na quarta colocação com 17% dos votos e viu mais uma vez a disputa cristalizar entre Juraci, reeleito, e Inácio.
A partir de 2004 uma mulher “pautou” as eleições municipais, Luizianne Lins. A hoje deputada federal foi eleita em 2004 mesmo sem apoio da Direção Nacional do PT, que preferiu fazer movimentos em torno de Inácio Arruda. Luizianne foi ao segundo turno e venceu Moroni Torgan com quase 16% de vantagem.
Em 2008 Luizianne foi reeleita em primeiro turno, a primeira vez que o fato aconteceu desde que foi instituída a possibilidade de dois turnos na eleição da Capital. Feito que permanece podendo ser “ostentado” apenas pela ex-prefeita. Patrícia Saboya também participou do pleito em 2008.
Quatro anos mais tarde Luizianne continuou exercendo sua influência, dessa vez para eleger um sucessor, o hoje governador Elmano de Freitas. A eleição de 2012 contou com 10 homens e nenhuma mulher. Roberto Cláudio levou a melhor e iniciou uma hegemonia do seu grupo que perdura até hoje.
Em 2016 e 2020 Luizianne voltou a concorrer ao cargo no Paço Municipal, em ambas as disputas ficou na terceira posição em pleitos que se concentraram em Capitão Wagner, nome da oposição, e o PDT, na situação. Paula Colares, da Unidade Popular, também concorreu em 2020, sendo a menos votada no pleito.
Por Yuri Gomes - Especial para O POVO
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