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Mesa da Alece deve avaliar resposta a discurso que exaltou golpe de 1964
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Mesa da Alece deve avaliar resposta a discurso que exaltou golpe de 1964

Larissa Gaspar (PT) "lamentou" defesa da Ditadura feita na semana passada por Fernando Hugo (PSD) e diz que caso pode ser levado à reunião da direção do Legislativo
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 14-05-2025: Larissa Gaspar em Ato de desagravo à Maria da Penha, que fez palestra sobre a Lei e suas dificuldades na Casa da Mulher Brasileira. (Samuel Setubal/ O Povo) (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 14-05-2025: Larissa Gaspar em Ato de desagravo à Maria da Penha, que fez palestra sobre a Lei e suas dificuldades na Casa da Mulher Brasileira. (Samuel Setubal/ O Povo)

A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa pode avaliar nesta quarta-feira, 3, alguma resposta a recente discurso do deputado Fernando Hugo (PSD) que exaltou, da tribuna da Casa, o golpe de 1964 e a subsequente instalação da Ditadura Militar no Brasil.

Quem destaca a possibilidade é a deputada Larissa Gaspar (PT), 2ª vice-presidente da Alece. “Eu lamento uma declaração como essa, porque o Brasil inteiro sabe que nós vivemos um golpe civil militar que instalou uma ditadura que durou décadas, e que por essa ditadura muitas pessoas continuam até hoje desaparecidas”, disse.

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“Familiares que não puderam enterrar seus filhos, maridos, pais, pessoas que foram assassinadas, violentadas, estupradas. O pensamento que foi silenciado, você não tinha liberdade de expressão, de manifestar suas opiniões. Houve ditadura civil militar, houve tortura e nós não vamos esquecer, até para que nunca mais aconteça”, continua.

Fala de Fernando Hugo ocorreu na última segunda-feira, 25, em discurso durante solenidade em alusão ao Dia do Soldado. “Não fora aquela ação (o golpe de 1º de abril de 1964) firme, forte, comandada por generais expressivos, acompanhados da Igreja Católica, terceirizadas com a família, sem dúvida alguma ações ditatoriais, tirânicas, do exterior estariam hoje mandando no nosso país”, disse o deputado.

Da Mesa Diretora, o deputado ainda rejeitou o uso do termo “Ditadura”, que ele associou a “idiotice”. “Me maltrata demais, nos meus 72 anos, ver aqui e acolá valerem mão de microfones e dizer ‘a Ditadura Militar’, como se fosse um período eivado de mal, de descontentamento para tudo e para todos, coisa que não aguento calado”, disse.

Ex-deputados e famílias reagiram contra o discurso

Ironicamente, a defesa do deputado teve como palco um dos principais pontos de resistência à Ditadura Militar no Ceará. Durante as duas décadas de governo militar, 21 deputados estaduais cearenses tiveram seus mandatos cassados, seis deles menos de um mês após o início do regime, em votação realizada de madrugada e sem direito à defesa.

Todos foram acusados de “subversão” e ficaram detidos no 23º Batalhão de Caçadores, no Benfica. Um deles, José Pontes Neto, teve inclusive sua foto retirada da galeria de ex-presidentes da Alece, em “apagamento” que só foi revertido em 1977. Alguns dos cassados são inclusive familiares de colegas de Fernando Hugo, como o ex-deputado Murilo Aguiar, avô do deputado Sérgio Aguiar (PSB) que foi cassado após o AI-5.

O discurso do deputado gerou reações de familiares de deputados cassados pelo regime, que procuraram a coluna para manifestar repúdio contra a fala. Entre nomes que questionaram a declaração, estão o ex-deputado Adahil Barreto e familiares do ex-deputado José Pontes Neto.

A Ditadura Militar também atingiu e perseguiu nomes conhecidos da política cearense. Entre eles, se destaca caso do ex-deputado Eudoro Santana (PSB), pai do ministro Camilo Santana (PT), que foi demitido de um cargo concursado, preso e torturado pelo regime. (com informações de Camila Maia - Especial para O POVO)

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