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HIdrogênio é novo ciclo de apostas da CAF no Ceará
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HIdrogênio é novo ciclo de apostas da CAF no Ceará

Cearense, José Rafael Neto, diretor representante e executivo sênior do CAF no Brasil, destaca avanço do banco de desenvolvimento como principal parceiro de estados e prefeituras em projetos de infraestrutura e fomento. Hidrogênio verde no Ceará é tratado como prioridade
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José Rafael Neto, diretor representante e executivo sênior da CAF no Brasil. (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação José Rafael Neto, diretor representante e executivo sênior da CAF no Brasil.

Atual responsável como interino pela atuação no Brasil da Corporação Andina de Fomento (CAF), o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe, o cearense José Rafael Neto celebra o avanço da instituição em obras de interesse econômico e social para estados e municípios. Essa relação com entes subnacionais faz com que a CAF seja reconhecida como "banco dos municípios".

Para o próximo ano, a CAF quer ampliar sua participação no Brasil, subindo de US$ 600 milhões em projetos para algo em torno de US$ 1 bilhão em 2024.

No Ceará, diversas cidades têm projetos, inclusive iniciativa premiada internacionalmente em Sobral. Na Capital, novo aporte de US$ 150 milhões vai beneficiar a periferia e a reurbanização da Praia de Iracema.

Rafael destaca que a CAF também observa atento os movimentos em torno do hidrogênio verde, desenvolve parceria com o Governo do Ceará e acredita que o Estado pode ser mais do que exportador dessa commodity verde.

O POVO - O senhor hoje é o principal representante da Corporação Andina de Fomento (CAF ou Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe) no Brasil...

Rafael - Sou representante da CAF no Brasil, estou respondendo interinamente, pois o representante não pode ser da mesma nacionalidade do País, então não pode ser um brasileiro. Vou ficar nessa posição até agosto.

O POVO - Como foi sua trajetória até a chegada ao posto?

Rafael - A minha origem de trabalho é o Banco do Estado do Ceará (BEC), mas também já fui professor do Estado, no Colégio Justiniano de Serpa, daí fui convidado para trabalhar no Governo do Ceará pelo então secretário de Planejamento, Mauro Benevides Filho.

Assim, fiquei de 1991 até 2003, passando por vários cargos, primeiro como diretor do Fundo de Desenvolvimento do Ceará (FDC), depois trabalhei na coordenação da captação de recursos externos e cooperação técnica.

Trabalhei com Cláudio Ferreira Lima, Mônica Clark e aí, no governo Lúcio Alcântara, trabalhei com o Jair do Amaral no Centro de Desenvolvimento Econômico (Cede), onde fui diretor de Competitividade.

Com o fim do governo, o Cede foi extinto e foi criado o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica (Ipece), que foi onde trabalhei com o Maia Júnior.

Ainda passei pela Secretaria de Planejamento (Seplan), onde vou trabalhar com captação. Após isso, saio do Estado e vou trabalhar no Fundo Financeiro dos Países da Bacia do Prata (Funplata), onde a sede é na Bolívia.

Lá fiquei seis anos trabalhando nos países membros, que são Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Então, quando foi em 2008 eu vim para a CAF, em Brasília. Todos esses cargos foram conquistados, sem qualquer indicação.

OP - Já são quase 15 anos de CAF, como tem sido o trabalho de apoio ao desenvolvimento nacional?

Rafael - Em 15 anos nós formamos uma carteira que tem hoje 34 operações em execução, 20 concluídas e tenho cinco em formalização e outras dez em avaliação. Quer dizer, hoje temos uma carteira bastante considerável. Segundo o Ministério do Planejamento, a CAF tem a segunda carteira em número e quantidade de operações.

O primeiro é o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), depois vem a CAF e em terceiro vem o Banco Mundial. A CAF tem 17 anos de Brasil e conseguimos avançar bastante.

Hoje, a CAF é considerada o banco das cidades, pois 80% das operações são realizadas com municípios e, claro, são todos municípios que podem obter garantia da União, pois todas as nossas operações têm garantia da União.

OP - Como está o apetite da CAF em projetos no Brasil, em valores?

Rafael - Temos uma média de aplicação de US$ 2 bilhões anuais e trabalhamos US$ 1,4 bilhão com o setor privado, no que chamamos de operações não-soberanas (ou seja, sem a garantia da União) e outros US$ 600 milhões com garantia da União. Nós não temos operações com o Governo Federal, mas com entes subnacionais (estados e municípios).

Trabalhamos com bancos de desenvolvimento, como o Banco do Nordeste (BNB) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Temos ainda parcerias corporativas com empresas públicas, como a Sanasa que é a maior empresa municipal de saneamento do País.

OP - E o trabalho com empresas privadas...

Rafael - Tem o que chamamos de corporativos, que é com empresas privadas, que estamos fortemente tentando trabalhar. No Ceará, inclusive, no ramo do hidrogênio verde.

OP - Atualmente, quais operações são realizadas no Ceará com recursos da CAF?

Rafael - O Ceará é nosso cliente com duas operações. A primeira operação é bastante conhecida, a duplicação da estrada CE-085, que liga Caucaia e Jericoacoara. Todas as praias foram requalificadas com recursos da CAF.

Temos agora água e esgoto para todos os destinos turísticos. Em Fortaleza, temos quatro operações em gestão e uma na comissão de financiamento externo. Exemplos de projetos nossos é a Beira-Mar, Praia do Futuro e Vila do Mar, assim como será a Praia de Iracema.

Além disso, a gente tem uma grande iniciativa de macrodrenagem e de capacitação para o trabalho, aportados num projeto desenvolvido pela Prefeitura de Fortaleza e Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) na capacitação de mulheres, o programa Costurando o Futuro que tem mais de 2,4 mil mulheres em capacitação para inclusão social e financeira, no que é hoje o maior programa de capacitação no Brasil pelo volume e impacto.

OP - Existem outros projetos engatilhados para Fortaleza?

Rafael - Tivemos o Drenurb (Drenagem Urbana de Fortaleza), que foi R$ 49 milhões, tivemos o Prodetur (Programa Nacional de Desenvolvimento e Estruturação do Turismo) na Praia do Futuro, que foram R$ 50 milhões investidos em requalificação.

O financiamento que inclui a Beira-Mar, o Costurando o Futuro e outras ações de requalificação, como na Varjota, avenida Monsenhor Tabosa, toda as vias estruturantes para o subúrbio, obras de drenagem são financiamentos CAF.

E agora temos o Proinfra (Programa de Infraestrutura em Educação e Saneamento de Fortaleza) com a macrodrenagem e, principalmente, educação. São 40 Centros de Educação Infantil (CEI) e 30 escolas de tempo integral.

Então é um projeto maravilhoso em plena execução pela Prefeitura de Fortaleza. E o novo programa Proinfra 2 são US$ 150 milhões mais focados na mobilidade, com grandes corredores e urbanização de Fortaleza, olhando mais para a periferia. Aí também está incluída a reformulação e reurbanização da Praia de Iracema.

OP - Além de Fortaleza, existem outros municípios com capacidade financeira de realizar parceria com a CAF?

Rafael - Já temos clientes, como Caucaia, que já está concluindo uma operação e fez uma segunda operação de US$ 80 milhões, que inclui principalmente os espigões para conter erosão marítima e também um trabalho grande de economia azul.

Também temos projeto em execução em Itapipoca de US$ 50 milhões em infraestrutura e macrodrenagem na cidade. Em Sobral temos um dos melhores projetos da nossa carteira que é super bem executado na área gestão de resíduos e recuperação de lagoas, com soluções baseadas em jardins filtrantes, e que já foi premiado no Brasil e no Exterior, por US$ 50 milhões.

Temos também Iguatu, com trabalhos em infraestrutura em várias frentes, como viária e saneamento, com aporte de US$ 50 milhões. E temos também Juazeiro do Norte, com US$ 80 milhões, num trabalho similar ao de Iguatu.

OP - Sobre as perspectivas e objetivos da CAF em futuros projetos, especialmente no Ceará onde temos uma grande expectativa de investimentos em hidrogênio verde, como o banco poderia atuar?

Rafael - Nós já estamos apoiando o Estado com uma cooperação técnica não reembolsável, que são recursos que a gente doa para o cliente na sua gestão de fundos e projetos futuros.

No caso, recebemos uma demanda do Governo do Estado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico para uma cooperação técnica para apoiarmos no financiamento de alguns estudos em relação a essa nova modalidade energética.

Temos também uma política de hidrogênio verde que o nosso vice-presidente (da CAF) esteve no Ceará, na Assembleia Legislativa, apresentando.

Basicamente, é uma proposta de apoio à geração dessa energia, mas não só como uma commodity só para exportação, mas também para atrair investidores para se instalarem no Ceará e criarem um novo ciclo industrial baseado nessa energia limpa para o Estado, para Região e para o Brasil.

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Em Fortaleza

Exemplos de projetos da CAF é a Beira-Mar, Praia do Futuro e Vila do Mar, assim como será a Praia de Iracema. Além disso, há iniciativa de macrodrenagem e de capacitação para o trabalho, aportados num projeto desenvolvido pela Prefeitura de Fortaleza e Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o programa Costurando o Futuro que tem mais de 2,4 mil mulheres em capacitação para inclusão social e financeira.

PERFIL

José Rafael Neto é natural de Fortaleza, graduado em Ciências Econômicas (UFC) e Análise de Sistemas (Unifor) e com mestrado em Economia (UFC), Políticas e Estratégias (Cepal), Elaboração de Projeto (JIV), Políticas Públicas (Adece), entre outros. É professor de Contabilidade do Ensino Médio e do curso de Gestão Pública (Uece). Em 2018, ele foi agraciado com a Medalha Boticário Ferreira, maior honraria da Câmara Municipal de Fortaleza.

NOVA GESTÃO

A CAF já anunciou que a partir de agosto inicia a nova gestão da instituição no Brasil, que ficará a cargo da paraguaia Estefania Laterza, ex-vice-ministra de Investimentos e Exportações do Ministério de Indústria e Comércio do Paraguai.

AVALIAÇÃO DE PROJETOS

Foram separados US$ 600 milhões para negociação de contratos em 2023 e em 2024 há a previsão de mais US$ 1 bilhão aprovados. Para o ano que vem, só o metrô de São Paulo está nos pedindo US$ 550 milhões para o projeto da Linha 2.

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