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CAF: Ceará pode ser o olho do furacão da reindustrialização do Brasil
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CAF: Ceará pode ser o olho do furacão da reindustrialização do Brasil

| Energia | A fala é de Jorge Arbache, vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), em discurso na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece)
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PORTO DO PECÉM é considerado 
'a cereja do bolo' cearense de H2V (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE PORTO DO PECÉM é considerado 'a cereja do bolo' cearense de H2V

Alvo de 30 memorandos de entendimento entre investidores e o governo cearense para a projetos relacionados à produção de hidrogênio verde (H2V) no Complexo do Pecém, o Ceará vem recebendo mais chancelas de diversos agentes econômicos apontando o Estado como o local mais propício para a produção do novo combustível no Brasil. Desta vez, em debate promovido pela Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Jorge Arbache, vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), destacou o potencial local.

"Assim como São Paulo foi a casa da industrialização do Brasil na década de 1930, agora, o Nordeste brasileiro, e em especial o Ceará, pode se tornar o olho do furacão da reindustrialização do País", afirmou. 

Ele descreve o Estado como um ambiente de geopolítica e clima favorável e classifica o Porto do Pecém como a cereja do bolo cearense. De olho no desenvolvimento de uma cadeia produtiva, o CAF ainda se coloca como o principal agente para financiar projetos.

Inicialmente, segundo ele, a ideia é atuar diretamente com os governos estaduais - e conversas com o governador Elmano de Freitas (PT) e o secretário Salmito Filho (Desenvolvimento Econômico) já estão em curso - e também com as indústrias que devem utilizar o insumo.

"Quem de fato podem precisar de recursos são as empresas que vão precisar de hidrogênio verde para produzir aqui. Indústrias como cimenteiras, vidros, fertilizantes, químicae metalmecânica estão entre os setores que a gente já identificou. "O que precisar de recurso, a CAF está disponível. Em princípio, não temos grandes problemas de limites. Não calculamos esse número, mas como vai ser escalonado por vários anos, isso não deverá ser problema", afirmou.

PIB duas vezes maior em quatro anos

Também presente à Assembleia Legislativa do Estado (Alece), onde ocorreu ontem, 26, o debate "Hidrogênio Verde: inovação e energia limpa no Ceará", Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), destacou que a visão do executivo do CAF corrobora com a projeção de duplicar o PIB cearense em duas vezes em cerca de quatro anos.

"Uma coisa nós temos em comum: a transformação do Estado do Ceará e do Brasil. Esse olho do furacão é o que a gente já vem falando. O local para produzir hidrogênio verde é aqui, a gente não pode perder essa chance", afirmou.

Para Cavalcante, a confirmação dos investimentos que superam os US$ 8 bilhões no Pecém é questão de tempo, pois os investidores falam em atender a demanda europeia até 2030. O industrial ainda defende que os efeitos sobre a economia local devem reverberar sobre os mais pobres, com efeitos imediatos na renda da população.

Já o secretário Salmito Filho conta que uma política pública de desenvolvimento econômico para o Ceará, com a continuidade das conquistas e com os avanços que nós devemos construir, foi elaborado pela SDE e está nas mãos do governador Elmano.

"Esse plano de ação está montado e o governador está avaliando. Deve anunciar no momento que achar oportuno, com projetos, ações, programas que abraçam essa oportunidade de uma vantagem competitiva natural que o Estado do Ceará tem para a produção de energias renováveis", afirmou.

Banco verde e da recuperação da AL

Durante a fala na Assembleia, Arbache disse que "essa agenda (do H2V) vai em direção a dois dos nossos pilares estratégicos, que é de ser um banco verde e o banco da recuperação, e aqui a gente combina as duas coisas numa só agenda".

Para tal, ele conta que algumas ações já estão em curso. Uma delas é uma linha elaborada juntamente com o Banco do Nordeste para projetos do tipo. "É uma agenda ainda nova, em desenvolvimento. Mas na hora que começarem a chegar oportunidades de negócio que requeiram crédito ou garantia a CAF vai estar pronta", reforçou.

Além de Arbache, participam do evento o presidente da Alece, deputado Evandro Leitão (PDT); o senador Cid Gomes (PDT-CE), presidente da Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde (CEHV); o secretário do Desenvolvimento Econômico do Ceará, Salmito Filho; o vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina, Jorge Arbache; o diretor-presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), Hugo Figueirêdo; o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, e o presidente da Comissão Especial para Estudo sobre o Hidrogênio Verde no Estado do Ceará, da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Ceará (OAB-CE), José Amaury Gomes.

Colaborou Beatriz Cavalcante

Como ficará a economia do Ceará com hidrogênio verde? Veja: 

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Cid Gomes, senador pelo Ceará e presidente da Comissão de Hidrogênio Verde
Cid Gomes, senador pelo Ceará e presidente da Comissão de Hidrogênio Verde

Projetos não sairão do papel sem marco legal

O presidente da Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde (CEHV), o senador Cid Gomes (PDT-CE), disse que "ninguém vai fazer nada" em relação ao combustível renovável enquanto o Brasil não tiver marco legal para reger toda a cadeia produtiva do H2V.

A afirmação foi feita no evento "Hidrogênio Verde: inovação e energia limpa no Ceará", realizado ontem na Assembleia Legislativa.

Ele admite que a aprovação da lei que irá guiar os investimentos em torno do produto é "um processo complicado", porque passa por duas casas legislativas do Legislativo. Mas, o senador informa que já tem procurado estabelecer relações com a Câmara.

Também frisa que o tema passa por diversos setores do Executivo. "O Ministério de Minas e Energia está focado nisso, o da Indústria e do Comércio e o do Meio Ambiente também. É um assunto tão importante que o Lula (presidente da República) quer a participação do Ministério da Fazenda."

Na ocasião, ele ainda reforçou que a comissão vai realizar audiência pública no Estado sobre H2V na próxima sexta-feira, dia 2 de junho.

O presidente da Alece, deputado Evandro Leitão (PDT), afirmou que o legislativo estadual fará "o que for preciso" para aprovar projetos para impulsionar o combustível no Estado. "Esta Casa Legislativa estará de portas abertas para realizar o que for preciso em ações que vão desde a aprovação desses projetos para dar garantia jurídica aos investidores que têm interesse em participar da implantação dos parques de produção eólica e solar e da construção do hub até a oficialização de políticas públicas que respeitam os direitos do cidadão cearense."

 

OAB-CE

O presidente da Comissão Especial para Estudo sobre o Hidrogênio Verde no Estado do Ceará, da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Ceará (OAB-CE), José Amaury Gomes, também alertou que a falta de regulação no mercado de hidrogênio pode atrapalhar investimentos futuros

 

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