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Mais de 30 pessoas já foram ouvidas em inquérito que apura morte de empresária
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Mais de 30 pessoas já foram ouvidas em inquérito que apura morte de empresária

Tratado inicialmente como suicídio, episódio passou a levantar suspeita de feminicídio. Suspeito nega crime
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Jamile de Oliveira Correia morreu no Instituto Dr. José Frota (Foto: Reprodução/ Facebook)
Foto: Reprodução/ Facebook Jamile de Oliveira Correia morreu no Instituto Dr. José Frota

Mais de 30 pessoas já foram ouvidas no inquérito que apura as circunstâncias da morte da empresária Jamile de Oliveira Correia, ocorrida em 31 de agosto passado. Ontem, o passaporte do namorado de Jamile, o advogado Aldemir Pessoa Júnior, foi entregue ao 2º Distrito Policial (2º DP), parte das medidas cautelares impostas pela Justiça na quinta-feira, 19.

A decisão veio após a Polícia Civil pedir a prisão temporária do advogado. Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado (TJCE) afirmou que o juízo entendeu não ter havido o preenchimento das "hipóteses legais" para a prisão. No entanto, além do recolhimento de passaporte, foi determinado que Aldemir não poderia frequentar a residência de Jamile, manter contato com testemunhas ou ausentar-se de Fortaleza sem autorização judicial.

Leia versão do advogado Aldemir Pessoa Júnior para a morte de Jamile

Também nessa sexta-feira, estava previsto depoimento de perito responsável pelo exame residuográfico em Jamile. A oitiva, porém, não ocorreu porque o profissional alegou não ter sido intimado a tempo.

A versão inicial, que apontava a ocorrência de suicídio, passou a ser questionada a partir de elementos levantados pela investigação policial. Câmera de vigilância mostram o que parecem ser agressões de Aldemir em Jamile, ainda no carro que os levava para casa. Já no apartamento, as imagens mostram o advogado correndo atrás da namorada, que entra sozinha no elevador. Também apontam a existência de um machucado no supercílio de Jamile.

A família da empresária ainda questiona pontos como uma suposta demora de Aldemir em comunicar o ocorrido e um envio, por Aldemir, de mensagens no celular de Jamile como se fosse ela. Além disso, laudo da perícia mostra que a trajetória da bala que vitimou a empresária vem de cima para baixo.

Entre os levantamentos policiais ainda pendentes está a perícia do apartamento de Jamile. De acordo com o advogado Flávio Jacinto, que representa a família de Jamile, houve alteração da cena do crime. Aldemir teria, inclusive, limpado manchas de sangue, "o que é outro crime". Apesar disso, o advogado da família diz que o inquérito está "bem avançado". Ele defende a tese de feminicídio. Por lei, inquérito policial tem, inicialmente, 30 dias para ser concluído, podendo a Polícia Civil pedir a prorrogação do prazo.

Em entrevista a O POVO, Aldemir rebateu todas as acusações e reiterou a versão de suicídio. "Tenho a consciência tranquila", declarou. Ele diz respeitar a dor da família — que também sente — assim como o choque e a vontade de esclarecer o episódio. Mas isso não poderia levar a "injustiças". "Gostaria que a sociedade aguardasse o processo para não ser feito injustiça, porque eu também tenho família", diz.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Quando ocorreu o disparo em Jamile?

O disparo teria ocorrido nas primeiras horas do sábado, 30. A mulher estava no apartamento onde morava, no Meireles, e saiu de lá ferida.

Para onde a vítima foi levada?

O namorado de Jamile levou a mulher de carro até o IJF. A vítima morreria somente no dia seguinte, no sábado, 31.

Como está a investigação?

A informação inicialmente repassada pelo namorado de Jamile era de que ela teria tentado suicídio. Contudo, uma nova linha apurada pelos investigadores cogita a possibilidade de feminicídio. A Polícia Civil não comenta o andamento das investigações para não atrapalhar a coleta de informações.

O que já se sabe dos depoimentos?

Dois médicos e um familiar da vítima estão entre os que prestaram depoimento. Um dos médicos, Jamil Zarur, informou que a bala perfurou o tórax de Jamile e ficou acomodada no abdômen. Segundo ele, a trajetória não é a habitual, mas pode ter desviado em alguma estrutura óssea da vítima.

Que motivos trazem suspeitas sobre a versão de suicídio?

Além da trajetória do tiro, imagens de câmeras mostram o que parecem ser agressões de Aldemir; Jamile aparece ainda machucada. Pontos como demora na comunicação à Polícia ainda corroboram com as dúvidas.

 

LEIA MAIS

Versão completa de Aldemir Pessoa Júnior para as circunstâncias da morte de Jamile pode ser vista no O POVO Online: https://bit.ly/2kXuCXk

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