A Marinha do Brasil e a Secretaria de Meio Ambiente de Fortim retiraram 40 quilos de óleo na foz do Jaguaribe. A substância, identificada como petróleo cru, que desde o final de agosto atinge o litoral do Nordeste, foi encontrada no ponto onde o maior rio cearense deságua no mar, que fica na divisa de Fortim e Aracati.
"Na quinta-feira e na sexta, 11, aconteceram duas ações de limpeza. A incidência do resíduo no local era esparsa, sendo localizado a cada 300 ou 400 m na areia da praia", afirma Pedro Wilson Vasconcelos, secretário do meio ambiente do município. "De qualquer maneira, apesar da pequena quantidade, o monitoramento está sendo feito em várias frentes", completa.
O rio Jaguaribe tem em seu leito os dois maiores açudes do estado (Castanhão e Orós) e é responsável pelo abastecimento de água da população do Vale do Jaguaribe, formado pelos municípios de Russas, Morada Nova, Limoeiro do Norte, Jaguaribe, Tabuleiro do Norte, Quixeré, Jaguaretama, Alto Santo, Pereiro, Iracema, Jaguaribara, São João do Jaguaribe, Ererê e Potiretama.
Desde abril último, por causa da diminuição do nível do reservatório causada pela seca, o açude Castanhão - e consequentemente, o rio Jaguaribe - deixou de abastecer Fortaleza e a Região Metropolitana, que hoje utilizam as águas do Sistema Metropolitano (açudes Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião).
A preocupação com a contaminação da foz de um rio é justificada. Na sexta-feira, a Agência Nacional de Águas (ANA) conseguiu aprovação para o aumento da vazão do São Francisco na hidrelétrica de Xingó (AL/SE), medida que será adotada caso o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) identifique risco de contaminação da água do rio pelo óleo na região próxima à foz.
O governo de Sergipe, o estado mais afetado pelo vazamento, instalou barreiras de contenção alugadas nas fozes dos rios Sergipe e Vaza-Barris. As boias estão sendo usadas para conter o avanço do óleo que começa a entrar no estuário dos rios.
"É preocupante que haja esse tipo de contaminação em um recurso hídrico utilizado como fonte de abastecimento de água de uma população", afirma Marisete Aquino, professora do departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC).
"Antes de mais nada, é preciso primeiro saber a composição de um contaminante, informação que é mais relevante do que a sua quantidade identificada a olho nu. Dizer que tem poucas manchas de óleo não é reconfortante, pois o óleo causa impactos e compromete a potabilidade da água. O impacto está além do visual, que é o de menos. As análises é que devem dizer em que padrões a água está", explica.
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