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Navio grego é principal suspeito de derramamento de óleo no litoral do Nordeste
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Navio grego é principal suspeito de derramamento de óleo no litoral do Nordeste

Polícia Federal cumpriu mandatos de busca e apreensão na sede de empresas ligadas ao navio mercante
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SEGUNDO INVESTIGAÇÃO, óleo teria vazado entre 28 e 29 de julho a 700 km da costa brasileira, em águas internacionais (Foto: AFP / GOVERNO DE PERNAMBUCO / Diego NIGRO)
Foto: AFP / GOVERNO DE PERNAMBUCO / Diego NIGRO SEGUNDO INVESTIGAÇÃO, óleo teria vazado entre 28 e 29 de julho a 700 km da costa brasileira, em águas internacionais

A Polícia Federal afirmou nesta sexta-feira, 1º, que o principal suspeito de ter causado o derramamento de óleo no mar que provocou a contaminação de mais de 250 praias no Nordeste é um navio de bandeira grega. Em conjunto com a Interpol, o órgão cumpriu, no mesmo dia, mandados de busca e apreensão em uma agência marítima e na sede de uma empresa no Rio de Janeiro.

A operação, chamada de "Mácula", em virtude da sujeira causada pelas manchas de óleo no litoral, foi requerida pelo Ministério Público Federal, que solicitou à Justiça Federal a expedição dos mandados, concedidos pelo juiz da 14ª vara criminal do Rio Grande do Norte.

Segundo detalhes da investigação divulgadas ao longo do dia pelos órgãos, a embarcação atracou na Venezuela em 15 de julho e o derramamento teria ocorrido entre os dias 28 e 29, a uma distância de 700 quilômetros da costa brasileira. De acordo com as investigações, após atracar na Venezuela, onde ficou por três dias, o navio Bouboulina, de bandeira grega e propriedade da empresa Delta Tankers LTD., seguiu para Singapura, tendo parado apenas em um porto da África do Sul. O vazamento teria, então, acontecido durante essa viagem.

A Marinha divulgou em nota que o navio manteve seus sistemas de monitoramento funcionando, mas não fez qualquer tentativa de comunicação para alertar sobre o vazamento. Uma imagem de satélite do dia 29 de julho mostrou uma mancha de óleo localizada 733,2 km a leste do estado da Paraíba, sendo essa informação o ponto inicial do cruzamentos de dados necessários para se chegar à embarcação.

O objetivo das investigações agora é checar se o derramamento foi acidental ou intencional, assim como as dimensões do desastre. Se comprovada a autoria, os responsáveis pelo navio deverão responder por crime de poluição e pela não-comunicação do incidente.

De acordo com a Polícia Federal, as investigações foram realizadas de forma integrada com Marinha, Ministério Público Federal, Ibama, uma empresa privada do ramo de geointeligência e as universidades Federal da Bahia (UFBA), Brasília (UnB) e Universidade Estadual do Ceará (Uece). O POVO entrou em contato com a Uece para obter detalhes sobre a participação na investigação, mas a assessoria disse não ter informações sobre o fato. Casa Civil e Secretaria de Meio Ambiente (Sema) também foram contatados pela reportagem, mas as informações também não foram obtidas. Dos 20 municípios cearenses com orla, pelo menos 10 já tiveram manchas observadas na areia ou no mar, segundo o Governo do Estado.

Inteligência

O secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, descartou na quinta-feira, em uma transmissão ao vivo pelo Facebook ao lado de Jair Bolsonaro, que os peixes possam ser afetados, alegando que são animais "inteligentes".

 

Danos

Segundo o Ministério Público, o dano desse derramamen- to é de "proporções imensuráveis". O desastre ambiental atingiu estuários, manguezais e foz de rios em todo o nordeste brasileiro, com prejuízos para as atividades pesqueira, de maricultura e turística.

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