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Contenção é instalada na foz do rio Jaguaribe para barrar passagem de óleo
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Contenção é instalada na foz do rio Jaguaribe para barrar passagem de óleo

Estratégia é similar à utilizada em Brumadinho (MG) para conter os rejeitos de minério de ferro após rompimento da barragem
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REDE DE CONTENÇÃO tem 1,2 km de comprimento e 4 metros de profundidade (Foto: Fábio Lima)
Foto: Fábio Lima REDE DE CONTENÇÃO tem 1,2 km de comprimento e 4 metros de profundidade

A segunda parte da contenção para evitar a passagem de óleo para o rio Jaguaribe foi instalada na tarde desta quarta-feira, 6, no município de Fortim, distante 132,8 quilômetros de Fortaleza. O terceiro e último trecho deve ser colocado até o fim desta semana. No total, a rede de contenção tem 1,2 km de comprimento e 4 metros de profundidade.

Para a ação, o Governo do Estado contratou a empresa Altomar Navegação, especializada em proteção em áreas portuárias. A opção por subdividir a barreira em três partes ocorreu para não bloquear a navegabilidade da área. O local possui tráfego intenso devido à pesca e ao turismo.

"Com o derramamento de óleo, nós chegamos a conclusão, pelas correntes marítimas e pelos ventos, de que um dos lugares mais sensíveis é aqui. As manchas de óleo estavam em grande quantidade no Rio Grande do Norte e na Paraíba, e se percebeu que elas poderiam vir para essa área. Por isso, a nossa prioridade máxima para o rio Jaguaribe", afirmou pouco antes da instalação da contenção, o secretário do meio ambiente do Estado, Artur Bruno.

Juan Pablo, proprietário da empresa Altomar, é responsável por comandar a equipe de oito homens que instalam a contenção. A estratégia foi formulada por equipes dos Portos do Pecém e Mucuripe."Era a única coisa que podíamos fazer de efetivo para tentar evitar uma poluição de grande porte no rio. Foi uma emergência. Esse material não tem no mercado", comentou.

De acordo com o secretário do Meio Ambiente do município de Fortim, Pedro Wilson, alguns resquícios do óleo foram encontrados na primeira contenção instalada, mas já recolhidos. Até o momento, segundo ele, o turismo na região segue ileso.

Apesar disso, os moradores da localidade, sobreviventes da pesca, afirmam prejuízo devido a ameaça de chegada do piche. O relato de Luzirene Gomes Ribeiro, presidente da Colônia de Pescadores z-21 de Fortim, hoje com mais de mil associados, dá conta de pessoas deixando de comprar os pescados com medo da contaminação.

"Está afetando a nossa renda. Todo dia eles (pescadores) saem e pescam para vender. Depois do óleo, não tem quem compre. Agora, estão pescando apenas para se alimentar", disse. Segundo ela, não é possível mensurar o tamanho do prejuízo. Além disso, conforme o relato, vários animais já apareceram mortos na região. Alguns, inclusive, com resquícios do óleo, como crustáceos. A expectativa de Luzirene é a redução do piche no local de onde tira o sustento.

Sob a responsabilidade da Ceará Portos, uma barreira portuária adaptada está prestes a ser instalada na foz do Rio Curu, localizada no limite dos municípios de Paracuru e Paraipaba. A colocada no Jaguaribe deve servir como parâmetro para saber se a tecnologia usada é suficiente e eficaz. A depender dos resultados, a estratégia também deve ser utilizada no litoral oeste do Ceará. Ontem, apareceram manchas nas praias de Icaraí de Amontada, Majorlândia e Canoa Quebrada, em Aracati.

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Origem

Imagem encontrada pelo Laboratório de Análise e Processa- mento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas revelou ontem uma mancha de óleo no litoral nordestino dois dias antes da passagem do navio Bouboulina, apontado como o principal suspeito do vazamento.

 

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