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Ministério não vê motivos para decretar emergência em saúde
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Ministério não vê motivos para decretar emergência em saúde

Avaliação contraria riscos apontados por pesquisadores da Bahia e Pernambuco
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VOLUNTÁRIOS fazem limpeza na praia do Cumbuco sem proteção necessária (Foto: ALEX GOMES/Especial para O POVO)
Foto: ALEX GOMES/Especial para O POVO VOLUNTÁRIOS fazem limpeza na praia do Cumbuco sem proteção necessária

O Ministério da Saúde não cogita em decretar situação de emergência em saúde pública nos nove estados do Nordeste devido aos riscos que a contaminação das praias, manguezais, costões marítimos e desembocaduras de rios atingidos pelo óleo de origem desconhecida representa para a população.

Segundo o diretor substituto do Departamento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em Saúde Pública, do Ministério da Saúde, Marcus Vinícius Quito, a pasta vem monitorando a situação e, até o momento, considera o quadro como de baixo risco para a saúde pública.

"Na nossa análise, não é adequada a declaração de emergência de saúde pública. Considerando os elementos que temos, não é isso que vai fazer com que as ações (que já vêm sendo desenvolvidas) sejam mais efetivas ou contundentes do ponto de vista da saúde pública", disse Quito ao participar de uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a presença de um volume ainda incerto de óleo na costa brasileira.

Quito ainda ponderou que uma eventual decretação de situação de emergência em saúde pública teria efeitos danosos para todo o setor pesqueiro. "Não geraria resultados efetivos e teria um efeito negativo para a produção pesqueira, mesmo em áreas que não estão expostas ao problema."

Grupos de pesquisa da Bahia e de Pernambuco defendem que seja declarado estado de emergência em saúde pública para controle dos riscos decorrentes da contaminação.

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) afirmam que a segurança à saúde e a segurança alimentar "não estão sendo objetos de ação eficaz da estrutura sanitária nos níveis Federal, Estaduais e Municipais de saúde". Segundo eles, o despreparo do poder público resulta "em consequências desastrosas, a exemplo de notícias veiculadas que indicam a suspensão generalizada do consumo de mariscos e pescados em todo Nordeste".

O Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (Lasat), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco, afirma que a penetração dos composto tóxicos do petróleo no corpo humano "pode se dar por inalação, contato com a pele e ingestão de água ou alimento contaminado, e mesmo sendo em pequenas quantidades pode ser prejudicial à saúde".

Pesquisadores chamam a atenção para graves riscos como câncer e distúrbios emocionais e de fertilidade, especialmente para crianças e gestantes. Além disso, recomendam "fortemente à população não fazer o uso recreativo das praias afetadas e nem consumir pescados e mariscos das praias (e região próximas) atingidas pelos resíduos de óleo".

De acordo com o Marcus Vinícius Quito, desde o fim de agosto, quando as primeiras manchas de petróleo cru começaram a ser avistadas ao longo do litoral nordestino, as secretarias estaduais de Saúde já relataram ao ministério ao menos 70 casos de intoxicação exógena, ou seja, causadas por contato com o óleo ou resíduos contaminados, sendo que 66 foram registradas em Pernambuco, onde outros 31 casos com suspeita de contaminação estão sendo investigados. (Com Agência Brasil)

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