Letícia de Carvalho Albuquerque, 17, ainda não sabe qual curso irá escolher quando, no próximo ano, tiver de fazer a escolha para ingressar no Ensino Superior. A aluna da Escola Estadual de Ensino Profissional Isaías Gonçalves Damasceno, do município de São Benedito, que deseja estudar em uma universidade pública, sabe, no entanto, que empenho pessoal e incentivo são fundamentais para as conquistas. Foi assim que ela venceu o o concurso "Redação Enem: chego junto, chego a 1.000", com o apoio do professor de português e da escola.
Filha única de mãe operadora de caixa e pai agente de endemias, Letícia ficou em primeiro lugar no concurso ao atingir 2.920 pontos da banca avaliadora das produções. Além dela, venceram as estudantes Antonia Amanda Alves da Silva, de Senador Pompeu, e Jocilane Monte Sousa, de Sobral. O trio feminino superou outras 40 mil redações feitas por estudantes da rede pública estadual.
O concurso é uma das ações do projeto Enem Mix, iniciativa da parceria entre a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e a Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc). Ao todo, cinco propostas de redações foram veiculadas em forma de inforreportagem no O POVO entre agosto e setembro deste ano. O material foi basilar para a produção dos textos e envolveu mais de 400 unidades escolares.
"São temas atuais que necessitam de debates. Foi essencial para a consolidação da minha escrita. Ajudou a melhorar muito por conta da prática. Estar ali, confeccionando os textos, me esforçando e recebendo as correções foi enriquecedor", comenta Letícia sobre as propostas. Aluna do 3º ano do Ensino Médio, a jovem cumpre estágio em um empresa de representação de indústria.
Letícia integra o projeto Sessão Redação Nota 1.000, desenvolvido pelo professor Marcos Pontes Lopes. A iniciativa consiste na realização de encontros onde são debatidos temas da atualidade. Os alunos realizam pesquisas e discutem o assunto em plenária. Após a discussão, o professor elege um tema para que os discentes produza uma redação.
"Eu evolui muito. Tanto o meu repertório sociocultural quanto minha relação com a escrita. Eu faço o Enem desde o 1º ano. De lá para cá, eu tive um avanço enorme, graças ao projeto de redação na escola", considera Letícia.
O desempenho da escola onde a jovem estuda ultrapassa a média do estado e do país nas principais avaliações nacionais. Em 2018, a média dos estudantes de 3º ano da EEEP na redação foi de 628,4. O patamar supera o desempenho dos alunos de escola pública do Estado, que foi de 464,7.
No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), a nota obtida pela unidade escolar foi de 5,9, superando a do Ceará (3,8) e a do Brasil (3,25). A EEEP Isaias Gonçalves Damasceno também está entre as 100 melhores escolas de Ensino Médio do Brasil com bons resultados de aprendizagem e que atendem alunos com baixo nível socioeconômico.
Há três anos, Marcos Pontes ensina língua portuguesa na Escola onde estuda Letícia. O trabalho desenvolvido com os estudantes do colégio foi pensado a partir de uma experiência que ele teve no Ensino Médio. Na sala, há um debate em uma plenário, depois é pensado na construção de uma redação.
"É muito gratificante quando um aluno que não foi sorteado para debater, mas estava preparado, resolve falar. Mais importante do que a técnica, é o desenvolvimento da criticidade". O professor se diz satisfeito com o reconhecimento e, para ele, o prêmio comprova que o trabalho está dando certo e o caminho é o correto. Ele ainda credita a premiação à confiança dada pela direção da escola e pela Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação 5 (Crede 5).
A vencedora do concurso, apesar de estar nos momentos finais na escola, sabe que o conhecimento não se esvai. "A educação vai mudar minha vida para melhor. Sempre a gente tem de estar ali estudando. Nunca é demais. Tem ainda isso: não estou terminando os estudos. Estou terminando o Ensino Médio. Mas estou para me graduar, ter a pós, mestrado e continuar por aí. Conhecimento sempre é bom", encerra Letícia.
A fala dela está em sintonia com o projeto. "A gente visa o Enem pela situação, devido ao momento do aluno. O material que nós oferecemos a eles, em termos de subsídios para a produção da redação, visa servir para a vida do estudante", explica Raymundo Neto, gerente editorial e de projetos da FDR.
Confira os 3 vencedores
1º lugar
Estudante: Letícia de Carvalho Albuquerque
Professor orientador: Marcos Pontes Lopes Neto
EEEP Isaías Gonçalves Damasceno (São Benedito / Crede 05)
Pontuação 2.920 pontos
2º lugar
Estudante: Antonia Amanda Alves da Silva
Professor orientador: Elisabeth Albuquerque Cavalcante
EEEP Professor José Augusto Torres (Senador Pompeu / Crede 14)
Pontuação: 2.900
3º lugar
Estudante: Jocilane Monte Sousa
Professor orientador: Diana Kelly Oliveira
EEEP Professora Lysia Pimentel Gomes Sampaio Sales (Sobral / Crede 06)
Pontuação: 2.900
Veja lista de vencedores por credes
Crede 1: Isadora Gadelha de Sousa, da Escola de Ensino Médio Branca Carneiro de Mendonça, de Caucaia.
Crede 2: Jônatas Pires Mota, da Escola de Ensino Médio Joaquim Magalhães, de Itapipoca.
Crede 3: José Alisson Lopes Alves, da Escola de Ensino Médio Luzia Araújo Barros, de Itarema.
Crede 4: Francisco Renato Araújo Ildefonso, da Escola Estadual de Educação Profissional Guilheme Teles Gouveia, de Granja.
Crede 5: Leticia de Carvalho Albuquerque, da Escola Estadual de Educação Profissional Isaías Gonçalves Damasceno, de São Benedito.
Crede 6: Jocilane Monte Sousa, da Escola Estadual de Educação Profissional Professora Lysia Pimentel Gomes Sampaio Sales, de Sobral.
Crede 7: Roberto Elton Santos de Freitas, da Escola de Ensino Médio Edite Alcântara Mota, de General Sampaio.
Crede 8: Josielda da Silva Marinho, da Escola de Ensino Médio José Joacy Pereira, de Aratuba.
Crede 9: Risa Madeiro Pereira, da Escola Estadual de Educação Profissional Edson Queiroz, de Cascavel.
Crede 10: Rebeca Oliveira de Souza Pereira, da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Arsênio Ferreira Maia, de Limoeiro Do Norte.
Crede 11: Isaac Augusto Dantas Nogueira, da Escola de Ensino Médio Gustavo Barroso, de Jaguaribe.
Crede 12: Lorena do Carmo de Souza Martins, da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Assis Bezerra, de Quixeramobim.
Crede 13: Maria Fabiana de Pinho Chaves, da Escola de Ensino Médio Prudêncio de Pinho, de Poranga.
Crede 14: Antonia Amanda Alves da Silva, da Escola Estadual de Educação Profissional Professor José Augusto Torres, de Senador Pompeu.
Crede 15: Maria Sabrina Pedrosa Bezerra, da Escola de Ensino Médio Maria Dolores Petrola, de Arneiroz.
Crede 16: Hellen Bezerra Alves, da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Liceu Dr. José Gondim, de Iguatu.
Crede 17: Daniel Ignacio de Souza e Silva, da Escola Estadual de Educação Profissional Doutor José Iran Costa, de Várzea Alegre.
Crede 18: Isabele do Nascimento Silva, da Escola Estadual de Educação Profissional Governador Virgílio Távora, de Crato.
Crede 19: Maria Sinara de Matos Silva, da Escola Estadual de Educação Profissional Professor Moreira De Sousa, de Juazeiro do Norte.
Crede 20: Daniel Igor Leite Figueredo, da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Tabelião José Pinto Quezado, de Aurora.
Sefor 01: Larissa Júlia Ferreira Magalhães, da Escola Estadual de Educação Profissional Júlia Giffoni, de Fortaleza.
Sefor 22: Walisson do Nascimento Sousa, da Escola Estadual de Educação Profissional Jaime Alencar de Oliveira, de Fortaleza.
Sefor 23: Pedro Emenson Oliveira Sousa, da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, de Fortaleza.
DADOS - CONCURSO EM 2019
40 mil textos dissertativo-argumentativos
21.360 alunos concorrentes
8.556 textos foram sobre o tema sorteado: O desafio de preservar os direitos da população indígena no Brasil
2019: 427 escolas participantes. 27% a mais se comparado a primeira edição, em 2017, quando foram 336.
Etapa escolar: premiação a 427 autores, escolhido como o melhor de cada escola participante.
Etapa regional: 23 melhores de cada regional educacional do Estado
Etapa estadual: 3 premiados como os melhores textos do Estado
Coletânea
As 23 melhores redações de cada Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) estarão reunidas em um livro a ser lançado em dezembro próximo. A previsão é de 2,5 mil exemplares para distribuir nas escolas e bibliotecas das unidades no Estado