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Estudantes usam mais incentivos privados para cursar graduação
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Estudantes usam mais incentivos privados para cursar graduação

No Ceará, Fies e Prouni ainda custeiam maioria dos estudantes
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Bolsas de estudos e incentivos privados foram fundamentais para matrículas de estudantes em instituições privadas de Ensino Superior no Brasil. Em 2018, 1,6 milhão (54%) dos ingressantes na graduação usaram essa modalidade. Situação diferente de quatro anos atrás, quando a principal entrada se deu por adesão ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). À época, o percentual era de 53% dos registros. Ano passado, o programa federal representou 27%, com 821 mil bolsas. A terceira participação é do Programa Universidade para Todos (Prouni), com 19% ou 575 mil inscritos.

O número de matrículas na rede privada com algum tipo de financiamento ou bolsa, integral ou parcial, dobrou no Brasil na última década. Quando em 2009, o percentual era de 23%; em 2018, a adesão chegou a 46,3%. Ao considerar o todo, 75% dos registros em cursos de graduação são feitos em instituições privadas. Os dados são do Censo da Educação Superior 2018, organizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação.

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No Ceará, ainda é forte a influência dos Programas Federais para cursar uma graduação. No total, 56% dos alunos matriculados em instituições privadas têm bolsa ou financiamento. Destes, 48,9 mil usam Fies e 14,6 mil, o Prouni. Segunda opção mais procurada, 33 mil ingressaram com bolsa concedida pela instituição de ensino. Além desses, outros 3.595 obtiveram financiamento com a própria faculdade.

Especialista em gestão educacional, Renato Casagrande reflete que o incentivo para matrículas durante o primeiro governo da ex-presidente Dilma Rousseff foi benéfico do ponto de vista social, mas resultou em dívidas acima do esperado à Nação. Por isso, a oferta de oportunidades para Fies e Prouni, na segunda administração petista, reduziu.

A avaliação do professor é de um cenário ainda difícil no Governo do presidente Jair Bolsonaro. "Primeiro que não tem incentivo. Os alunos estão com medo de participar porque ficou parecido com financiamento comum. Para eles se inscreverem e conquistarem uma vaga, é preciso ter uma renda muito baixa." Casagrande espera que seja revista a política de incentivo.

Frente aos números, o doutor em Filosofia e Ciências da Educação, Wagner Andriola, afirma que as pessoas estão atrás de fontes de financiamento suportáveis. Para o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), um dos motivos que pode explicar a redução do Fies é justamente a burocracia necessária para efetivar o financiamento.

Andriola aponta ainda o Prouni como a válvula de escape para quem deseja cursar um ensino superior numa instituição privada. "O Prouni continua se mantendo muito atrativo. O aluno não vai tirar um centavo do bolso dele. Só estudar na escola pública e arrumar uma vaga no curso que quer".

O professor destaca que ainda assim a população padece de dinheiro para custear a graduação numa escola privada. O professor da Universidade Federal do Ceará(UFC) pontua que, no meio do "furacão" da crise de financiamento pelo qual o País passa, as instituições particulares demitem professores com maior titulação para enxugar a folha de pagamento.

"Qual o problema disso tudo? O pobre do aluno recebe formação desses professores menos experientes e menos titulados sairão com a formação capenga, formação deficitária com um monte de lacuna. É uma das problemáticas mais graves do ensino superior no Brasil", considera.

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