Mil e quatrocentos imóveis estão dentro do Parque do Cocó. Desses, apenas 200 deverão permanecer na Unidade de Conservação estadual. Ou por serem equipamentos do próprio Estado ou porque pertencem aos moradores de duas comunidades tradicionais - Casa da Farinha e Boca da Barra - instaladas há anos na área de proteção ambiental. A informação é parte de um levantamento encomendado por Artur Bruno, secretário do Meio Ambiente do Ceará (Sema), que abriu formalmente, na manhã de ontem, 28, as oficinas para elaboração do Plano de Manejo do Cocó.
O mapeamento das construções irregulares e a permanência ou não de imóveis na poligonal do parque estadual são alguns dos problemas que serão discutidos até julho deste ano para a escrita do "plano diretor" da Unidade de Conservação. Em agosto, segundo previsão da bióloga Bruna Pasquini, coordenadora de Projetos de Gestão Ambiental da consultoria Arcadis Design & Consultancy (Brasil), o plano estará concluído e aprovado pela Sema e segmentos da sociedade civil envolvidos na discussão.
Três anos depois da regulamentação do Parque do Cocó, Estado e outros atores sociais se sentam para debater o uso sustentável de um equipamento ambiental que nasce com o rio Cocó na serra da Aratanha - no município da Pacatuba, se estende por Maracanaú, Itaitinga e se adensa em Fortaleza até se conectar com oceano Atlântico.
São 1.575 hectares que abarcam floresta úmida, tabuleiro, manguezal, matas ciliares, dunas e uma infinidade de problemas causados pelo crescimento insustentável dos quatro municípios. Um dos grandes problemas do Parque do Cocó, por exemplo, é a pequena zona de amortecimento da UC. "O plano de manejo terá de dar diretrizes para se trabalhar com essa deficiência", prevê Bruna Pasquini.
O que impacta no Cocó?
1. Pressão da especulação imobiliária
2. Ocupação irregular das margens do rio e outras áreas da unidade de conservação
3. Reduzida zona de amortecimento do Parque
3. Descarte de lixo no rio, mangue, trilhas e floresta
4. Abandono ou criação de espécies exóticas como gatos, cachorros, gado e pombos
5. Plantio de espécies exóticas como o nim indiano e castanholeiras
6. Educação ambiental insuficiente
7. Falta de sinalização
8. Violência urbana em áreas dominadas pelas facções onde o Parque se insere
9. Pendências judiciais como a Arie do Cocó
10. Assoreamento do rio
11. Falta de áreas restritivas para a presença humana