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Fortaleza já registra 80% do trânsito anterior ao da pandemia
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Fortaleza já registra 80% do trânsito anterior ao da pandemia

População tende a migrar para o uso de transportes individuais e reduzir uso de modais coletivos
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FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.06.2020: Avenida Washington Soares com baixo fluxo de veículos.   (Fotos: Fabio Lima/O POVO) (Foto: Fotos: FABIO LIMA)
Foto: Fotos: FABIO LIMA FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.06.2020: Avenida Washington Soares com baixo fluxo de veículos. (Fotos: Fabio Lima/O POVO)

Fortaleza encerra a segunda fase do Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e Comportamentais com 80% do fluxo do trânsito normalizado em relação ao período anterior à pandemia do novo coronavírus. O dado é da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC). Este é o maior percentual desde a penúltima semana de março, quando o decreto Nº 33.519, publicado em 19 daquele mês, instituiu isolamento social em todo o Estado. À época, cerca de 40% dos veículos circulavam na cidade.

O acompanhamento é feito desde o início da pandemia. Para tanto, a Autarquia criou o dado diário da Variação no Volume de Tráfego em Fortaleza, que compara com o que é considerado 100% do fluxo. A variável leva em conta todos os tipos de modais. O controle é feito a partir das câmeras de monitoramento instaladas nas principais avenidas da capital.

Os dados apontam que a segunda maior redução no fluxo, cerca de 50%, ocorreu justamente quando o governador Camila Santana (PT) decretou o Isolamento Social Rígido, em 8 de março.

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"A população entende a necessidade de ficar em casa, mas aos pouco vai flexibilizando o comportamento. Com isso, naturalmente, a curva foi começando a crescer. Com as fases de transição, há um crescimento constante que culminou em 20% de redução do fluxo, menor percentual desde o início do monitoramento", comenta Dante Rosado, coordenador executivo da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global.

A expectativa de Dante, que acompanha os dados junto à AMC, é de que o fluxo de veículos chegue próximo a 100% até o fim da terceira fase de retomada no Estado. O anúncio está previsto para este fim de semana, já que, de acordo com o planejamento do governo do Estado, a etapa começa na próxima segunda-feira, 6.

Os bairros com maior redução do fluxo de veículos são Luciano Cavalcante (-56%) seguido do São João do Tauape (-40%). Há, no entanto, o caso da Salinas e da Floresta que apresentaram comportamento contrário. Com 18% e 12%, respectivamente, registram movimentação de automóveis maior do que o monitorado antes do período pandêmico.

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Para o coordenador da Bloomberg, o fluxo geral pode ficar acima de 100% porque há tendência de migração entre os modais de transporte individuais. Isso ocorre pelo receio da população em utilizar o transporte coletivo, onde a possibilidade de infecção pelo novo coronavírus é maior.

"Se as pessoas migrarem para os transportes individuais, nós teremos uma série de problemas que já eram graves, e agora vão ficar piores. O principal é o aumento do número de acidentes de trânsito. Mas também teremos mais congestionamentos, poluição atmosférica, estresse e perda de produtividade", alerta. Para o gestor da iniciativa de segurança viária, a situação é complicada porque pode pressionar ainda mais o sistema de saúde.

"É interessante que a migração aconteça para o modo de transporte sustentável, com o uso da bicicleta e caminhada. A bicicleta pode ser grande aliada. É preciso ampliar as redes cicloviárias. A cidade de Fortaleza avançou muito, mas pode estimular ainda mais", analisa Dante Rosado.

Por nota, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) afirma que registrou fluxo de 40% dos passageiros na fase 2 de flexibilização das atividades econômicas em Fortaleza, com média de 349 mil passageiros por dia. De acordo com o órgão, a programação da frota de ônibus chega a 70% de um dia útil. "A quantidade de ônibus está disponível de acordo com a demanda de usuários que devem respeitar o isolamento social que foi prorrogado e o escalonamento de horários nas atividades retomadas", destacou.

Segundo a plataforma Farol Covid, desenvolvida com base em dados disponibilizados pelos estados e municípios, 41% dos fortalezenses se mantiveram recolhidos em casa no fim da última semana da segunda fase do retorno das atividades. No início dessa etapa, o percentual era de 50%.

 

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