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Anvisa autoriza testes de quarta vacina contra a Covid-19 no Brasil
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Anvisa autoriza testes de quarta vacina contra a Covid-19 no Brasil

O estudo é realizado pela Jansen-Cilag, da Johnson & Johnson, e terá a participação de 7 mil pessoas. Pesquisadora do Instituto Butantan destaca a importância do investimento continuado em ciência para hoje o Brasil receber esses estudos
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O adiamento foi provocado pelo aumento do número de voluntários infectados pela Covid-19 (Foto: Governo do Estado de São Paulo / AFP)
Foto: Governo do Estado de São Paulo / AFP O adiamento foi provocado pelo aumento do número de voluntários infectados pela Covid-19

Em meio a pesquisas em todo o mundo para encontrar uma vacina contra a Covid-19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou ontem, 18, a realização do quarto estudo com testes clínicos no País. A vacina, chamada Ad26.COV2.S, é produzida pela Jansen-Cilag, unidade farmacêutica da Johnson & Johnson, e está em testes de fase 3 do ensaio clínico. A agência já havia autorizado, em 2 de junho, o ensaio clínico da vacina desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, do Reino Unido.

No dia 3 de julho, foi autorizado o estudo da vacina desenvolvida pela Sinovac Biotech, da China, em parceria com o Instituto Butantan, e, em 21 de julho, o das vacinas desenvolvidas pela BioNTech, da Alemanha, e Wyeth/Pfizer, dos Estados Unidos. Não é só a grande incidência de casos da doença no Brasil que levou o País a receber esses estudos, mas também a "alta capacidade de testar vacinas de uma forma geral", segundo a bioquímica Luciana Cezar Cerqueira Leite, pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Instituto Butantan.

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Para Luciana Cezar, a realização dos ensaios clínicos de fase 3 no País é essencial para a negociação da transferência de tecnologia. "Eles precisam da gente para realizar esses ensaios, e sabemos fazer. A gente faz e faz bem. São dados confiáveis que saem do Brasil", afirma. A declaração foi feita nesta terça-feira, 18, durante o seminário online "O futuro da saúde", realizado pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Serviço de Saúde do Estado do Ceará (Sindessec).

A pesquisadora também destacou a importância do investimento, ao longo de décadas, para a capacitação na produção de vacinas. "Embora as vacinas que estão sendo discutidas não sejam exatamente iguais às que já produzimos, o fato de existir uma capacidade instalada de produção de diversos tipos de vacinas facilita para que consigamos adquirir essa tecnologia de qualquer uma delas", afirma.

Também presente no painel, o coordenador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Ceará, Carlile Lavor, acrescenta a importância da criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), em 1973, para a preparação do "material humano e industrial". Ele também destaca o investimento que tem sido feito pelos governos Federal e de São Paulo nessa área.

Uma medida provisória (MP) assinada no último dia 6 pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) abriu crédito extraordinário de R$ 1,9 bilhão para viabilizar a produção da vacina do AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz. Já o custo de testagem da Coronavac, produzida pela Sinovac Life Scienc em parceria com o Instituto Butantan, é de R$ 85 milhões.

"Muita gente questiona: 'Se a vacina não funcionar, não vai ser dinheiro jogado fora?' O que percebemos é que esse investimento se justifica porque, se funcionar, rapidamente tem que produzir. O mundo inteiro está se preparando para produzir as vacinas que têm mais chance. E, mesmo que não funcione, esses investimentos são em fábricas de produção que depois podem ser aproveitadas para outros tipos de vacina", explica a pesquisadora. Como as vacinas ainda estão em estudo, ainda não há data certa para serem disponibilizadas para a população no Brasil. (Com Agência Brasil)

 

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