O Governo do Estado decide amanhã, 26, sobre a volta às aulas nas redes pública e privada de ensino no Ceará já no mês de setembro. A informação foi confirmada ao O POVO pelo secretário da Saúde do Estado, Carlos Roberto Martins Rodrigues, o Cabeto.
À reportagem, o titular da Sesa assegurou que "tudo será decidido na sexta-feira" e que "um estudo e uma proposta com faseamento a partir de setembro" vão ser encaminhados ao governador Camilo Santana (PT) para que tome a decisão com base nesses dados.
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Além do chefe do Executivo, participam da rodada de reunião do comitê que avalia a retomada secretários do Governo, técnicos e membros dos poderes Judiciário e Legislativo.
Segundo fontes próximas do governador, o modelo a ser apresentado a Camilo é semelhante ao já adotado no plano de reabertura da economia, com divisão por quatro etapas e índices fixados para cada estágio, de maneira a garantir que o retorno seja escalonado e dividido por grupos, estendendo possivelmente pelo mês de outubro.
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Há dúvida sobre a ordem de reingresso de cada faixa etária, porém. Um exemplo é o ensino infantil. Antes previsto como parte do primeiro grupo de alunos, agora pode ficar apenas para a fase final do planejamento, conforme disse um parlamentar que acompanha essas negociações.
Procurado, o Abolição reconheceu que "há proposta construída a partir de reuniões e discussões com os setores por parte do grupo de retomada", mas que "definições só devem ocorrer na sexta-feira", após encontro do "comitê formado pelos três poderes".
Auxiliares de Camilo consideram ainda a hipótese, no entanto, de que a decisão seja tomada apenas no sábado, caso não haja tempo para esgotar o assunto no dia anterior. Um novo decreto deve começar a ter validade a partir da terça-feira, 1º de setembro.
A ideia, sustenta esse parlamentar, é que o plano autorize a volta às aulas, deixando a cargo das escolas a escolha de eventuais datas para reinício, sem obrigá-las a uma recuperação imediata.
Representantes das instituições escolares, contudo, têm se queixado de demora para a volta porque entendem que o quadro epidemiológico no Ceará se estabilizou desde o mês de julho. No setor, há preocupação especial com o número de matrículas do ensino infantil, que teria caído entre 30% e 50%, sugerem.
Em entrevista ontem à rádio Jangadeiro, Cabeto chegou a mencionar que o desafio agora é estipular quem volta primeiro, se jovens ou crianças. "Vamos discutir quem fica em que fase, e isso provavelmente começaria em setembro e se encaminharia até outubro", respondeu à emissora.
O Governo tem rodada de conversa também hoje com pelo menos um grupo de entidades que têm participado das discussões desde o início da pandemia do novo coronavírus. Parte desse núcleo, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Erinaldo Dantas, disse que, "pessoalmente, não concorda" com a retomada em setembro, mesmo que gradual.
"Todo início de ano as viroses são transmitidas nas escolas. Basta um contaminado pela doença espalhar por toda uma classe", apontou.
As aulas presenciais foram suspensas em março, poucos dias após o primeiro caso de Covid-19 ser diagnosticado no Estado. Conforme atualização na plataforma Integra SUS, da Secretaria Estadual da Saúde, são ao todo 209.363 casos confirmados da enfermidade e 8.362 mortes no Ceará. No Brasil, há 3.717.156 registros e 117.665 óbitos.