Uma preocupação recorrente da população desde a reabertura econômica em Fortaleza, devido às medidas para conter a pandemia de Covid-19, é a superlotação no transporte público. Nesta sexta-feira, 5, o prefeito José Sarto (PDT) anunciou que novos 200 ônibus vão passar a circular na Cidade nos horários de pico, no início da manhã e no fim da tarde, durante a semana.
A frota extra vai circular por 60 dias, será acrescida de forma paulatina a partir da próxima terça-feira, 9, e será distribuída nas linhas com maior demanda, conforme estudos da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor).
Dos 200 ônibus a mais, 50 passarão a circular na terça-feira. Na sexta-feira, 12, outros 100 serão incorporados à frota e, até o dia 17 de fevereiro os 50 restantes também começam a operar. A operação será custeada metade pelo Estado e metade pela Prefeitura, de acordo com o prefeito.
"Essa ação certamente vai contribuir para diminuir a circulação do vírus da Covid-19. Lembrando mais uma vez: apesar da vacina, ainda estamos em pandemia e é preciso obedecer o protocolo das autoridades sanitárias", afirma o gestor municipal.
Atualmente, de acordo com a Etufor, cerca de 540 mil passageiros se deslocam por dia usando ônibus na Capital.
O POVO falou com algumas pessoas para saber das dificuldades no uso transporte público durante a pandemia. A vendedora ambulante, Adria, de 24 anos, utiliza diariamente o transporte coletivo. Ela mora no Planalto Ayrton Sena e faz o percurso de ônibus até o terminal do Papicu todos os dias. "Só em ver o terminal lotado aqui a gente vê que não tá certo. Fechar bares, restaurantes, tudo bem, vai diminuir (o risco de contágio), mas se o governador chegar aqui ele vai ver onde é que tá a verdadeira lotação." A vendedora relatou que os ônibus têm demorado cerca de uma hora e meia para chegar na parada no horário das 6horas da manhã, quando ela sai de casa. E quando chega, já vem lotado.
Quando questionada sobre como ela se protege no transporte coletivo ela disse que "Só Deus, mascara e álcool em gel direto. Quando eu entro no ônibus eu sento e boto a mão na cadeira do meu lado pra ninguém sentar, as pessoas reclamam mas eu falo que não pode. O certo seria isso mesmo, uma cadeira ocupada e outra não". Para a vendedora, apenas a ampliação da frota, não vai conseguir manter o distanciamento. "A fila fica lotada nesse horário (17h) e o pessoal se aglomera na fila, tem o empurra-empurra quando chega o ônibus"
As amigas Marília e Vitória utilizam o transporte público diariamente, no horário de pico. Marília, moradora do Vicente Pinzon, trabalha como caixa na Washington Soares e Vitória, moradora do Papicu, está desempregada. "Para tentar manter a nossa segurança a gente acaba atrasando pra esperar os ônibus ficarem mais vagos. E os ônibus estão demorando muito! Eu espero que melhore com o aumento da frota porque do jeito que tá não tem condição", desabafa Marília.
Já Vitória diz não ver sentido em querer que os lugares fecham 20horas sendo que a aglomeração maior, segundo ela, está dentro dos ônibus. Desde a última quarta-feira, 3, o governador Camilo Santana (PT) determinou o fechamento de shoppings, bares e restaurantes às 20horas. "A gente deixa de trabalhar para evitar correr o risco, mas a situação tá desse jeito aqui (apontando em volta). É só máscara, álcool em gel e fé, porque o distanciamento não tem como fazer", concluiu Vitória. (Gabriela Custódio e Alice Sousa)