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Influência da escolaridade dos pais no desempenho dos filhos é maior no Nordeste
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Influência da escolaridade dos pais no desempenho dos filhos é maior no Nordeste

| PESQUISA| Gosto das crianças por matemática também depende do sentimento dos pais relacionados à disciplina
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NO NORDESTE, 25,9% dos filhos de pais com um ano de estudo conseguem, no mínimo, completar o ensino médio
 (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira NO NORDESTE, 25,9% dos filhos de pais com um ano de estudo conseguem, no mínimo, completar o ensino médio

A escolaridade dos pais ou responsáveis está diretamente ligada ao tempo de estudos dos filhos. Mais: esse impacto é maior no Nordeste comparado às outras regiões do Brasil. Enquanto nesta região os poucos anos de estudos são 32,4% mais prósperos, no Sudeste, segundo melhor colocado, o percentual é de 27,9%.

No Nordeste, 25,9% dos filhos de pais com um ano de estudo conseguem, no mínimo, completar o ensino médio. Por outro lado, 4,7% concluem a faculdade e vão além. No caso de pais com ensino fundamental incompleto, quando há mais alguns poucos anos de estudos, 54,7% dos filhos completam o ensino médio ou vão além. Nesse caso são 15% que chegam ao ensino superior completo.

Os dados são da Plataforma do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (Imds), lançada na última semana. As informações foram compiladas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios(Pnad/2014), do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), do Banco Mundial e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Diretor presidente da Imds, o economista Paulo Tafner cita que, dentre as regiões, o Nordeste é onde a escolaridade dos pais começa em patamar mais baixo. Com isso, em princípio, há maior chance do filho superá-la. Outro fator elencado é o investimento brasileiro no setor educacional nos últimos anos, permitindo que filhos tivessem maior acesso à educação do que os genitores.

"Em geral, o Sudeste é o caso que também é de relativo sucesso porque também teve uma mobilidade relativamente grande. O sul é a região do País em que proporcionalmente a mobilidade foi menor, em parte porque os pais já tinham mais escolaridade do que no restante do Brasil. Por isso, a maior dificuldade dos filhos os ultrapassarem."

Para ele, as respostas positivas a partir da maior possibilidade de os infantis se educarem apresentaram ao menos dois resultados não positivos. Paulo Tafner elenca: "O primeiro é que, apesar das crianças e jovens estarem chegando ao Ensino Médio com muito mais intensidade, eles não estão conseguindo chegar ao ensino superior. Comparado ao México e Chile, nós estamos atrás. No nível médio, estamos na frente." O segundo trata da qualidade de ensino no Brasil, ainda em patamar muito aquém do adequado.

Em 2018, a pesquisa "A matemática das crianças e dos pais" entrevistou 3.024 pessoas em 1.512 pares de crianças e pais (ou responsáveis) em 20 cidades de todas as regiões do País. Com média de idade de 9,6 anos, o foco foi em crianças do 3º ano (44.4%) e 5º ano (55.6%).

Os resultados apontam que o maior conhecimento de matemática dos pais está correlacionado ao aprendizado do filho, a influência é três vezes maior que o desemprego. "Pais que não sabem matemática podem compensar com melhores atitudes em relação à disciplina e maior envolvimento na vida escolar de seus filhos", diz o estudo.

Estatística apresentada mostra que 72% das crianças disseram que gostariam de ter mais ajuda para aprender matemática. Ao passo que 90% afirmam precisar aprender a disciplina para ter boa profissão. Além disso, quase quatro a cada dez respondentes também sinalizaram que ninguém os ajuda com a matéria em casa.

Por outro lado, 43,2% dos pais confidenciaram de modo espontâneo que o conteúdo que menos gostavam na escola era de matemática. Enquanto 82% responderam ter alguma dificuldade permanente.

Flavio Comim, professor da Universidades de Ramon Llull, em Barcelona, e de Cambridge destaca que, com poucas horas destinada à disciplina no Ensino Fundamental na escola, é decisivo o papel de quem ajuda em casa. "Nos primeiros anos, a medida que vai ficando mais difícil, fica mais difícil para os pais também por conta da formação e engajamento dos com a matemática".

Sobre a queda pelo gosto da matéria, Comim descreve que essa aversão tem a ver com certa frustração das crianças por medo de errar, não se divertem e não se realizarem na resolução dos problemas por vergonha de ir lá e não ser competente. "Muitas vezes, a gente percebe que tem a ver com afeto, com a inclusão das crianças". O economista lembra ainda que, no 3º ano do Fundamental, os estudantes já não sabem 60% do que deveriam da ciência. 

 

Atitude e envolvimento dos pais

Atitude dos pais:
- passar imagem positiva da matemática aos filhos;
- ver a matemática como habilidade a ser desenvolvida com esforço e interesse não como atributo fixo.

Envolvimento dos pais:
- Conhecer pessoas na escolar do filho, em particular a professora/o;

- Conhecer os amigos;

- Ter tempo para interagir e ajudar nos temas escolares.

Engajamento

- 33% não sabe que matéria o filho está agora estudando em matemática
- 42% dos pais diz que falta ter mais tempo para ajudar mais o filho em matemática
- 48% diz que precisaria saber mais para poder ajudar

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