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Monsenhor Tabosa adota língua nativa de povos indígenas como oficial
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Monsenhor Tabosa adota língua nativa de povos indígenas como oficial

A ação é pioneira no Estado e vai possibilitar o ensino do dialeto nas escolas da região
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Aprovação de lei possibilita o ensino da língua nativa nas escolas e nas comunidades situadas na região. (Foto: Divulgação/ Governo do Ceará)
Foto: Divulgação/ Governo do Ceará Aprovação de lei possibilita o ensino da língua nativa nas escolas e nas comunidades situadas na região.

A luta dos povos indígenas no Ceará alcançou um marco importante na última semana. Isso porque a Prefeitura do município de Monsenhor Tabosa, localizado à 311,1 quilômetros de Fortaleza, sancionou um Projeto de Lei (PL) que reconhece a língua Tupi-nheengatu como cooficial da cidade. De acordo com informações do Governo do Ceará, em publicação realizada no site oficial do órgão, a ação é pioneira no Estado e vai possibilitar o ensino da língua nativa nas escolas e nas comunidades situadas na região.

O idioma Nheengatu é da família de línguas Tupi-Guarani e derivado do tronco tupi, sendo falado por descendentes de povos indígenas que vivem na cidade, como Potiguara, Tabjara, Gavião e Tubiba Tapuia. Conforme texto da lei aprovada, deve ser criado um programa comunitário onde agentes com formação na língua nativa vão ensiná-la tanto em escolas da rede municipal como em comunidades indígenas. 

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Teka Potiguara, líder comunitária, ressalta que a linguagem predominante na região é o português e informa que os povos indígenas da localidade têm estudado a língua de seus antecedentes para passar o conhecimento às novas gerações. "O reconhecimento para nós foi de fundamental importância, até porque faz mais de vinte anos que a gente tá pesquisando e escrevendo a nossa língua", destaca.

A líder conta que o trabalho de resgatar a linguagem por meio do ensino já era realizado por pelo menos 150 agentes da região, que receberam preparação- com direito a certificado, e repassavam o conhecimento já em algumas escolas da cidade. Além disso, grupos de jovens indígenas costumam ir até residências para conversar com moradores no idioma, com a ideia de tornar a língua um hábito entre as novas gerações.

"A linguagem vai se expandindo porque a língua é acompanhada de um pensamento, você pensando na sua língua facilita", pontua ainda Teka. Com a aprovação da lei, o trabalho de ensino realizado pelos povos será ampliado e a língua nativa passará a compartilhar a oficialidade com o português.

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