O Parque Tecnológico da Universidade Federal do Ceará (UFC) já conta com 24 estudos em andamento com foco no desenvolvimento de soluções para o hub de hidrogênio verde (H2V) no Ceará. As iniciativas fazem parte do esforço em parceria entre Estado, academia e indústria para que sejam projetadas soluções que foquem na nova matriz energética.
Nos próximos meses, a equipe deve ganhar reforço a partir do anúncio de lançamento de edital para a vinda de pesquisadores visitantes que irão apoiar a montagem de um centro tecnológico de pesquisa em hidrogênio verde.
O presidente do Parque Tecnológico da UFC, Fernando Ribeiro de Melo Nunes, detalha que a expectativa é atrair pesquisadores do Brasil e do mundo e que, surgindo interesse de agências de desenvolvimento internacionais, como a da Alemanha (Agência Alemã de Cooperação Internacional - GIZ), que é um dos países mais interessados na tecnologia, nada impede algum convênio de parceria.
"A universidade abriu edital para professores visitantes. São três linhas: para pós-graduação, trazer pesquisadores e desenvolvimento de parques tecnológicos", ressalta. Dentre os 24 projetos, Fernando destaca que existe um estudo de produção de hidrogênio a partir de esgoto, sem utilização de energia elétrica. O projeto é conduzido pela pesquisadora da UFC Fernanda Lobo em parceria com as universidades norte-americanas Princeton e Columbia e com o Laboratório Nacional de Energia Renovável dos Estados Unidos.
O método, testado inicialmente em pequena escala, prevê a separação de resíduos no processamento da água, o que finalizaria com a retirada do hidrogênio e a sobra poderia ser transformada em fertilizantes. Além disso, existem outras pesquisas na área do hidrogênio nos departamentos de Engenharia Química, Engenharia Mecânica e Engenharia Elétrica, que vão desde a separação de gases, transporte, armazenamento, como a produção de hidrogênio a partir de outros materiais.
Fora dos laboratórios, o clima é de grande expectativa para construção de bases sólidas até a maturação do projeto no Pecém. A assinatura do memorando de entendimento, em fevereiro, para construção de uma usina de H2V, que quando pronta será o maior projeto do tipo no mundo, no Complexo do Pecém (Cipp), promete investimento de US$ 5,4 bilhões da australiana Enegix Energy. O acordo veio junto da assinatura de um decreto estadual, que desenvolveu um grupo de trabalho aliando Governo do Estado e diversas pastas com Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e UFC para a implantação e desenvolvimento do hub de hidrogênio verde no Estado.
O presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará (CSRenováveis) e consultor da Fiec, Jurandir Picanço, destaca que o projeto do Ceará não é isolado, mas segue a tendência internacional que tem grande potencial de desenvolvimento econômico, social e tecnológico.
Ele acrescenta que o lançamento de diretrizes com o Plano Nacional do Hidrogênio, a ser lançado pelo Governo Federal no início do segundo semestre, deve possibilitar uma grande plataforma nacional que irá beneficiar o uso do hidrogênio no mercado nacional e potencializar o poder do hub cearense.
Primeiramente, o foco será na exportação, especialmente em mercados mais amadurecidos na troca da matriz, como os europeus. E o Porto do Pecém e a Port of Rotterdam terão participação fundamental, avalia Jurandir. "Há oportunidades de exportação de H2V a partir da demanda mundial de países que estão mudando sua matriz de produção de energia e consumo interno. Na Alemanha, inclusive, como o H2V é mais caro do que a produção de hidrogênio a partir do gás natural, estão subsidiando a diferença para as empresas que importarem para o país o produto. Todos os países estão buscando rever seu consumo de energia", afirma.
Conheça os projetos em hidrogênio na UFC
1. Apresentação das Potencialidades da UFC – Diretor do PARTEC/UFC, Prof. Fernando Nunes
2. Plano Nacional do Hidrogênio – PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS DE PORTUGAL
3. HUB de Hidrogênio Verde, Porque o Ceará? – Adece
4. Energias Renováveis no Ceará – Fiec
5. Hidrogênio Verde, Oportunidades econômicas e socioambientais para o Ceará – AHK Rio de Janeiro
6. Plans to create first green hydrogen hub in Oman – SOHAR Port and Freezone
8. Green Hydrogen Cost Reduction – Internacional Renewable Energy Agency
9. Hydrogen Production & Water Consumption – Hydrogen Europe
10. Precificação de Carbono: Riscos e Oportunidade para o Brasil – Empresa de Pesquisa Energética
12. Reunião com EDP – 27.01.21
13. Reunião com Linde / White Martins / Praxair – 27.01.21
14. Memorando de Entendimento Hidrogênio Verde – Gov. do Estado, Fiec, UFC e Cipp
16. Bases para a consolidação da Estratégia Brasileira do Hidrogênio – Min. de Minas e Energia
18. Portfólio de Serviços – Empresa Flutrol
19. Apresentação Institucional – Empresa Flutrol
20. Informações Cadastrais – Empresa Flutrol
21. Book de Equipamentos Industriais – BMT
22. Paving the way for the hydrogen sector – Hinicio
24. Profissões do Futuro na Área de Energia e Implicações para a Formação Profissional
Fonte: Parque Tecnológico da UFC
INTERESSE EUROPEU
Alemanha, França, Portugal e Holanda lideram na Europa o projeto de até 2030 ter a frota de veículos utilizando células combustíveis de hidrogênio, e a geração de energia elétrica para as fábricas usando hidrogênio e não mais carvão e outros combustíveis fósseis. Esses países estão propondo disponibilizar 2 bilhões de euros para as pesquisas, e a UFC está apta a se candidatar a ser um dos centros de pesquisa e desenvolvimento para produção verde deste gás combustível.
PLANO NACIONAL
Ao divulgar que as diretrizes do Plano Nacional do Hidrogênio deve ser lançado em 60 dias, na 12ª Reunião Ministerial de Energia Limpa (CEM), o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o PNH permitirá que o país reduza suas emissões de gases de efeito estufa, já que o insumo carrega alta densidade energética, possui versatilidade de uso, não emite CO2, e pode funcionar como armazenamento de energia.
INÍCIO DAS PESQUISAS NO BRASIL
O "boom" do hidrogênio como opção sustentável para a matriz energética aconteceu há alguns anos na Europa e vem começando aqui no Brasil. Mas as pesquisas iniciais no País remontam a mais de15 anos atrás.Em dezembro de 2004, representantes dos Ministérios de Minas e Energia, e da Ciência e Tecnologia, da ANP, IPT, ABNT, INT, Unicamp, UFRJ, UFPA, Electrocell e da Unitech se reuniram no Inmetro para discutir o roteiro brasileiro para a estruturação da economia do hidrogênio como vetor energético. Em abril de 2005, o pesquisador da Divisão de Metrologia Mecânica do Inmetro, Sérgio Pinheiro de Oliveira, participou da 4ª reunião do Comitê de Implementação e Ligação (Implementation and Liaison Committee ) da Parceria Internacional para a Economia do Hidrogênio (International Partnership for the Hydrogen Economy – IPHE), realizada no Rio de Janeiro.